Nem sempre quem tem mais votos ganha: entenda o processo eleitoral dos Estados Unidos
Diferente do Brasil, os Estados Unidos adotam um esquema de votação indireta, em que o vitorioso pode ter menos votos populares do que o perdedor
Nos Estados Unidos, a eleição não funciona como a do Brasil. Enquanto aqui o resultado sai poucas horas após o fim do pleito, os americanos podem esperar dias, até meses, para saber o resultado final em cada estado. Como, então, funciona a eleição presidencial norte-americana? Aqui está tudo o que você precisa saber:
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Primárias
Existem dois principais partidos: o Democrata e o Republicano. Ambos escolhem seus candidatos por meio de uma série de votos em diferentes estados. Esses votos são chamados de primárias ou caucuses. E quem vence essas disputas internas se torna o candidato de cada partido à presidência. A nomeação, no entanto, só é confirmada nas convenções partidárias. Depois disso, é hora de competir pela Casa Branca.
Neste ano, os democratas tinham aprovado o atual presidente Joe Biden nas primárias, mas como ele abriu mão da candidatura por causa de pressões relacionadas à idade, acabaram confirmando sua vice, Kamala Harris, na convenção.
Colégio eleitoral
Quando se trata da corrida presidencial, tudo gira em torno de um sistema chamado Colégio Eleitoral. É um órgão que não tem nenhum similar no Brasil e torna o processo um pouco complicado. Cada estado tem um número diferente de votos no colégio eleitoral, dependendo de sua população.
O número de votos no Colégio Eleitoral é baseado em quantos representantes cada estado tem no Congresso em Washington, D.C. Cada estado tem dois representantes no senado, que é a câmara alta, e um número de representantes na câmara baixa que depende da população do estado.
A Califórnia, por exemplo, é o estado com maior população dos Estados Unidos. Portanto, tem dois senadores e 52 representantes, totalizando 54 votos no Colégio Eleitoral. O estado de Delaware é bem menor. Tem dois senadores e apenas um representante, o que lhe dá três votos no Colégio Eleitoral.
Somando todo o país, há um total de 538 votos no Colégio Eleitoral em jogo. Em cada estado, exceto em dois (Maine e Nebraska), o candidato que vencer na noite da eleição leva todos os delegados. E o objetivo é conseguir 270 votos para vencer a presidência.
Estados-chave
A maioria dos estados é previsível. Alguns são sempre republicanos, vermelhos. Outros sempre votam azul, democratas. Mas há também estados imprevisíveis, os chamados estados-pêndulo, que acabam dedicindo a eleição. Para 2024, sete estados foram identificados como cruciais: Pensilvânia, Michigan, Nevada, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte e Arizona.
Juntos, eles somam 93 delegados, quase um terço do total necessário para chegar à Casa Branca.
Nesta eleição, a entrada de Kamala Harris na disputa, após a desistência de Joe Biden, provocou mudanças no cenário dos estados-pêndulo. Em alguns desses estados, Trump liderava, mas pesquisas recentes mostram Harris ultrapassando o ex-presidente, ou reduzindo a diferença entre eles.