Eleição dos EUA: Por que o resultado demora tanto para sair?
Votação no país é feita em cédulas de papel, além disso, cada estado tem o próprio horário de finalização da votação e contagem de votos
No dia 30 de outubro de 2022, os brasileiros compareceram às urnas para o segundo turno das eleições para governador e presidente da República. A votação encerrou-se às 17h, dando início à apuração. Em apenas duas horas, às 19h, quase 85% das urnas haviam sido apuradas, e por volta das 21h, o país já conhecia seu novo presidente, resultado da eficiência da urna eletrônica e da centralização promovida pela legislação eleitoral brasileira.
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A situação nos Estados Unidos é bastante distinta, com um sistema eleitoral em que os votos ainda são registrados em cédulas de papel, os "ballots". Essas cédulas não contêm apenas votos para cargos executivos e legislativos, mas também incluem decisões sobre cargos no Judiciário e propostas de emendas constitucionais.
Como é a apuração dos votos nos EUA?
A apuração segue duas etapas: a contagem inicial pelos funcionários eleitorais de cada estado e a certificação dos resultados por autoridades locais, prolongando o processo de divulgação dos vencedores.
Outro ponto é o período de votação: embora o dia oficial de eleição seja 5 de novembro, em 47 estados americanos é permitido o voto antecipado, presencialmente ou por correio, desde 19 de outubro. Isso significa que, em alguns locais, os eleitores podem enviar seus votos até a data oficial, mesmo que cheguem dias depois. Além disso, os EUA possuem seis fusos horários, e o fechamento das urnas varia entre os estados.
Essas diferenças se acentuam devido à legislação eleitoral descentralizada nos EUA. Enquanto no Brasil o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regula e centraliza a apuração e divulgação dos resultados, nos Estados Unidos, cada estado é responsável por essas funções. Em caso de disputa acirrada, as autoridades locais têm autonomia para realizar recontagens, e o vencedor das eleições presidenciais é geralmente anunciado pela imprensa, em vez de uma autoridade eleitoral nacional.
Em 2000, por exemplo, a contagem na Flórida gerou uma disputa judicial que acabou levando à vitória de George W. Bush. O democrata Al Gore pediu uma recontagem dos votos, que foi concedida pela corte local, mas interrompida depois pela Suprema Corte dos Estados Unidos. O processo acabou garantido a vitória do republicano 37 dias depois da votação.