Cortes dos EUA em ajuda internacional podem agravar crises humanitárias, alerta OMS
Hanan Balkhy, diretora regional da OMS, afirmou que a redução de recursos em áreas de conflito pode enfraquecer a vigilância global de doenças

Rafael Porfírio
A diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Hanan Balkhy, alertou neste domingo (20) que os cortes na ajuda internacional dos Estados Unidos podem agravar crises humanitárias em zonas de conflito como Gaza e Sudão e enfraquecer a resposta global a epidemias.
Em entrevista à agência AFP, Balkhy afirmou que a decisão do governo de Donald Trump de suspender o financiamento à OMS pode provocar um corte de até 20% no orçamento da organização, comprometendo a atuação em áreas já fragilizadas por guerras e emergências sanitárias.
“A OMS tem papel essencial na manutenção e reabilitação dos sistemas de saúde”, afirmou a diretora.
Segundo a diretora regional da OMS, em locais como Gaza, onde a situação é considerada catastrófica após mais de um ano de conflito entre Israel e o Hamas, a suspensão da ajuda afeta o trabalho de equipes médicas, o fornecimento de medicamentos e a recuperação de hospitais.
No Sudão, em guerra civil há dois anos, a situação também é crítica. Hanan Balkhy disse que a OMS tem enfrentado dificuldades para conter surtos de malária, dengue e cólera, além de atender uma população deslocada que chega a milhões de pessoas. A dirigente destacou que a atuação da OMS nesses cenários não é apenas emergencial, mas também estratégica, já que envolve a identificação de patógenos e a prevenção de ameaças globais.
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Outro ponto de preocupação é o impacto da saída dos EUA da OMS nas parcerias científicas. Segundo Balkhy, a comunicação com universidades, centros de pesquisa e instituições de saúde pública dos Estados Unidos pode ser prejudicada, dificultando a troca de dados essenciais para prevenir novas pandemias.
“Vírus e bactérias não conhecem fronteiras”, lembrou Balkhy.
Desde que voltou à Casa Branca, Trump tem promovido cortes significativos na ajuda externa americana. Um dos principais alvos foi a USAID, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, responsável por gerir projetos humanitários, de saúde e infraestrutura em países em situação de vulnerabilidade. A agência administrava um orçamento anual de US$ 42,8 bilhões, o que representava 42% da ajuda humanitária global.
Para Hanan Balkhy, a diminuição desse apoio coloca em risco não só a saúde de milhões de pessoas em áreas de conflito, mas também a segurança sanitária do mundo inteiro.
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