Cidade japonesa sanciona lei que limita uso de celular a 2 horas diárias
Mudança visa melhorar qualidade de vida dos moradores, sobretudo em relação ao sono; medida não conta com penalizações em caso de descumprimento

Camila Stucaluc
A cidade japonesa de Toyoake sancionou, na quarta-feira (1º), a lei que limita o uso de smartphones, tablets e computadores a duas horas diárias. A medida se refere somente ao chamado “tempo de lazer”, excluindo o uso para trabalho, estudo ou deslocamentos.
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Segundo o prefeito Masafumi Kouki, a medida tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos moradores e diminuir a taxa de evasão escolar. Uma das principais preocupações da gestão é com o tempo de sono dos cidadãos devido ao uso excessivo dos aparelhos, especialmente no caso de crianças.
“O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar recomenda 9 a 12 horas de sono para alunos do ensino fundamental, 8 a 10 horas para alunos do ensino fundamental e médio e 6 a 8 horas para adultos. Especialmente no caso de crianças, o tempo de sono suficiente é essencial para o crescimento físico e mental”, disse a prefeitura.
Apesar da limitação, a gestão reforçou que não irá rastrear os aparelhos dos moradores e que não haverá penalização para aqueles que ultrapassarem o período diário. As autoridades explicaram que o objetivo não é controlar ou restringir os direitos dos cidadãos, mas promover uma conscientização.
“Acreditamos que [o limite de] 2 horas é apenas uma diretriz, e se não houver problema com o tempo de sono e conversa com a família, não há problema em fazer 3 horas ou 4 horas”, disse a prefeitura. “Continuaremos a aumentar a conscientização sobre o uso adequado de smartphones e outros dispositivos em vários aspectos, mas se o uso excessivo interferir em sua vida ou você estiver preocupado com sua saúde, podemos ajudá-lo”, acrescentou.
Uso excessivo de telas
O uso excessivo de celulares é um debate crescente no Brasil e no mundo. Um estudo da We Are Social e Meltwater, por exemplo, mostrou que os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia nas redes sociais, como Instagram e YouTube. No caso de crianças e adolescentes, o uso é feito, muitas vezes, sem a supervisão de pais.
Segundo especialistas, o uso excessivo de telas prejudica a saúde de crianças e adolescentes, que podem desenvolver desde problemas de visão até transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Em muitos casos, também há dependência.
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Em meio à preocupação, os governos começaram a analisar a questão. Em 2025, o governo brasileiro proibiu o uso de celulares nas escolas, após iniciativas das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Na Flórida (EUA), entrou em vigor a lei que proíbe menores de 14 anos de acessarem as redes sociais. Na Austrália, o governo sancionou uma proposta parecida, mas para menores de 16 anos.