Chefe da AIEA adverte Israel por ataques no Irã: “Instalações nucleares jamais devem ser alvos"
Rafael Grossi sublinhou que bombardeios podem resultar em liberações radioativas com graves consequências dentro e fora das fronteiras do Estado atacado

Camila Stucaluc
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, advertiu Israel pelos ataques a bases nucleares no Irã. Em pronunciamento nesta sexta-feira (23), o diplomata afirmou que instalações nucleares “jamais devem ser alvos de ataques” devido ao alto risco para a segurança.
“Este desenvolvimento é profundamente preocupante. Afirmei repetidamente que as instalações nucleares nunca devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois podem prejudicar as pessoas e o meio ambiente. Tais ataques têm sérias implicações para a segurança nuclear, bem como para a paz e segurança regionais e internacionais”, disse Grossi.
Israel bombardeou o Irã depois que negociações nucleares entre o país persa e os Estados Unidos estagnaram. Tel Aviv acusa Teerã de manter um programa secreto para desenvolver armas nucleares em instalações subterrâneas, estando “próximo” de conquistar seu primeiro equipamento nuclear.
Os ataques israelense tiveram como alvos infraestruturas nucleares, como a de Natanz, um dos centros mais importantes de enriquecimento de urânio do país. Segundo Grossi, apesar de o local ter sido atingido, não houve elevação nos níveis de radiação. As instalações de Esfahan e Fordow, por sua vez, não foram afetadas.
Grossi afirmou que as equipes da AIEA seguem monitorando a situação de perto. Ao Conselho de Administração da entidade, o diplomata disse estar disposto a viajar para o Irã “para acompanhar a situação de perto e garantir a segurança, a proteção e a não proliferação nuclear no Irã”.
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“A AIEA sublinhou consistentemente que ataques armados a instalações nucleares podem resultar em liberações radioativas com graves consequências dentro e fora das fronteiras do Estado atacado. Apelo a todas as partes para que exerçam a máxima contenção para evitar uma nova escalada. O único caminho sustentável a seguir é aquele baseado no diálogo e na diplomacia para garantir a estabilidade”, disse.