Autoridades buscam 89 desaparecidos uma semana após catástrofe na Espanha
A região de Valência foi a mais afetada pela tragédia, com 211 das 217 mortes confirmadas; previsão é de chuva moderada nesta quarta-feira (06)
SBT News
As autoridades espanholas confirmaram, na madrugada desta quarta-feira (6), que 89 pessoas estão desaparecidas uma semana após a tragédia climática que atingiu o país europeu. A região de Valência foi a mais atingida, com 211 das 217 mortes confirmadas até aqui foram registradas na cidade.
O Tribunal Superior de Valência alerta para a possibilidade do número de desaparecidos ser maior, pois o balanço atual considera apenas casos reportados por familiares que forneceram dados biológicos para identificação. O governo admite que a situação pode ser ainda mais grave.
Além disso, dentre as mortes confirmadas, o Instituto de Medicina Legal espanhol aguarda a identificação de 62 corpos.
Na semana passada, os espanhóis foram com fortes chuvas em diversas áreas do país. Em Barcelona, o aeroporto inundou, levando ao cancelamento de dezenas de voos. Rodovias e parte do transporte público foram paralisados.
Diante da tragédia, o primeiro-ministro do país, Pedro Sánchez, anunciou que cerca de 10 mil militares foram designados para ajudar na força-tarefa de ajuda humanitária. Sánchez também declarou que reforçou a segurança após denúncias de saques em estabelecimentos.
A Agência Estatal de Meteorologia da Espanha, responsável pela análise dos dados climáticos no país, prevê chuva moderada para esta quarta-feira (6) na costa Leste do país, onde fica Valência. +Donald Trump é eleito Presidente dos Estados Unidos
Entenda os motivos que levaram a tragédia climática
Em oito horas, choveu em Valência aquilo que estava previsto para o ano inteiro. Em relatório divulgado na quinta-feira (31), a agência Estatal de Meteorologia da Espanha, responsável pela análise dos dados climáticos no país, informou que, entre 1º e 29 de outubro, o volume de chuva foi 89% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
A tragédia climática em Valencia pode ser entendida em dois pontos. O principal é o fenômeno climático conhecido como DANA (Depressão Isolada em Altos Níveis), que concentra a chuva em um determinado local por um curto período.
Ele ocorre quando o ar quente e úmido do mar Mediterrâneo – que está mais aquecido que o normal, com cerca de 23°C – sobe e encontra uma camada de ar frio. Com isso, cria-se uma massa de nuvens de tempestade, acumulando água nas bordas e liberando chuvas intensas.
O segundo motivo é a seca prolongada que a região enfrenta há quase dois anos, que deixou o solo endurecido e incapaz de absorver a água rapidamente. Isso favoreceu a inundação rápida e destrutiva, de acordo com especialistas.
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a mais poderosa a atingir a região neste século. Com o aquecimento global, especialistas alertam que eventos climáticos extremos podem se tornar mais comuns, colocando em risco áreas costeiras e aumentando a frequência de enchentes.