"Produto de decisões políticas de exclusão", diz Lula sobre fome no mundo ao lançar Aliança Global
Brasil está na presidência rotativa do G20, grupo que reúne maiores economias; foco é combater desigualdades
Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta segunda-feira (18), o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza no discurso de abertura na reunião da Cúpula do G20. Em 2024, a sede do evento é o Rio de Janeiro entre hoje e esta terça (19).
+ Assista: veja abertura do G20 no Rio de Janeiro, com presença de líderes mundiais
Antes da abertura do evento, o chefe do Executivo recepcionou dezenas de chefes de Estado e representantes internacionais no Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Flamengo, na zona sul da capital.
Lula critica gastos em guerras
Lula fez um breve discurso com críticas às desigualdades sociais no planeta e definiu como "inaceitável" o fato de 733 milhões de pessoas passarem fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em um mundo onde são produzidos 6 bilhões de toneladas de alimentos e US$ 2,4 trilhões são gastos em ações militares.
+ Ataque ucraniano com mísseis dos EUA pode levar a nova guerra mundial, alertam russos
Devido a esses fatores, segundo o presidente do Brasil e do G20, a fome é uma decisão política por parte das principais lideranças mundiais.
"A fome é a expressão biológica dos males sociais. É produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da sociedade", disse o presidente.
Lula ainda cita a importância do lançamento da Aliança Global durante o G20, uma vez que o grupo representa grande parte da economia mundial.
+ Biden anuncia "novos esforços" para conservação da Amazônia
"O G20 representa 85% dos US$ 110 trilhões do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Também responde por 75% dos US$ 32 trilhões do comércio de bens e serviços e 2/3 dois oito bilhões de habitantes de Terra", disse.
Ao falar especificamente do Brasil, o presidente da República lembrou que segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o Brasil havia saído do mapa da fome em 2014, mas acabou retornando em 2022.
+ Secretário-geral da ONU pede apoio do G20 para paz e combate às mudanças climáticas
"Consegumos sair do mapa da fome da FAO em 2014, mas voltamos em 2022 em um contexto de desarticulação do estado de bem-estar social. Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um páis com 33 milhões de pessoas famintas. Em um ano e oito meses do retorno desses programas (Bolsa Família, Programa Nacional de Alimentar Escolar, entre outros), o Brasil já retirou mais de 24,5 milhões de pessoas da extrema pobreza. Até 2026, novamente, sairemos do mapa da fome", prometeu o presidente.
Por fim, Lula declarou o lançamento, em definitivo, da Aliança, que ainda conta com países de fora do G20. A reunião da cúpula desta segunda-feira (18) reúne chefes de Estado de países que não fazem parte do bloco.
"Que essa cúpula seja marcada pela coragem de agir, por isso quero declarar definitivamente a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza", concluiu.