Secretário-geral da ONU visita Rafah e pede entrada urgente de ajuda humanitária em Gaza
Egito critica insinuações de que estaria impedindo abertura da passagem e cita ataques direcionados de Israel: "A passagem de Rafah está aberta"
Giovanna Colossi
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, esteve na passagem de Rafah, na fronteira do Egito com a Faixa de Gaza, nesta 6ª feira (20.out), e apelou mais uma vez para que todas as partes envolvidas cheguem a um acordo para desbloquear a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino.
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"Estamos testemunhando um paradoxo: atrás destes muros temos dois milhões de pessoas que sofrem enormemente, não têm água, nem comida, nem remédios, nem combustível, que estão sob fogo, que precisam de tudo para sobreviver", afirmou Guterres ao apontar para o posto de controle entre o sul de Gaza e o Egito.
Estima-se que mais de 200 caminhões com toneladas de ajuda humanitária aguardam há dias a autorização de Israel para entregar os insumos à Gaza, que está sob cerco total e sofre com a escassez de água potável, comida, eletricidade, combustível e principalmente medicamentos. O número de mortos no território chegou a 4.137 nesta 6ª feira (20.out), com mais de 13.162 pessoas feridas.
O cerco completo à Faixa de Gaza foi ordenado pelo Ministério da Defesa israelense em 9 de outubro, dois dias após o ataque terrorista sem precedentes do grupo Hamas ao país. 1,400 pessoas morreram na ação e cerca de 200 israelenses continuam sob poder do grupo radical.
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Apesar da abertura da fronteira estar programada para esta 6ª feira (20.out), após um acordo mediado pelos Estados Unidos, os veículos ainda não receberam autorização para avançar. Inicialmente, Israel informou que somente 20 caminhões poderiam acessar Gaza, e proibiu a entrada de combustível, mesmo após o apelo da Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com a OMS, é necessário combustível para distribuir a ajuda humanitária aos 2,2 milhões de palestinos presos em Gaza. As usinas de energia do enclave também funcionam à base de combustível, assim como os geradores dos hospitais.
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"É absolutamente necessário que esses caminhões se movam o mais rápido possível e quantos forem necessários", disse Guterres."Não estamos buscando uma vitória. Queremos que os comboios sejam autorizados em números significativos [e que] caminhões entrem todos os dias em Gaza para fornecer apoio suficiente ao povo", reforçou.
"Egito não é responsável pela obstrução"
Diante do impasse sobre a passagem de ajuda humanitária, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito criticou a cobertura da "mídia ocidental" e as insinuações de que o país estaria impedindo a passagem de ajuda humanitária e civis.
No X, antigo Twitter, o embaixador Ahmed Abu Zeid afirmou que quem está obstruindo a entrada de ajuda é Israel.
"Ter como alvo o Egito na mídia ocidental é claro na crise atual! Promover o cenário de deslocamento, responsabilizar o Egito pelo fechamento da travessia, apesar dos ataques direcionados de Israel e da recusa de entrada de ajuda, e recentemente insinuar a responsabilidade egípcia pela obstrução da saída de nacionais de países terceiros", disse.
"A passagem de Rafah está aberta e o Egito não é responsável por obstruir a saída de nacionais de países terceiros?.", concluiu.