Aquecimento global é o motivo das cheias na Itália, dizem cientistas
A consequência não é direta. Primeiro causou a seca, que acabou intensificando os alagamentos
Pablo Valler
Os anos de estiagem que castigaram a Itália acabaram compactando o solo que, agora, não consegue absorver a água das chuvas. A análise é de Mauro Rossi, do Instituto de Pesquisa para Proteção Geo-Hidrológica, vinculado ao Conselho Nacional de Pesquisa da Itália. O cientista falou à imprensa neste fim de semana e alertou que o problema já é uma consequência do aquecimento global: "O aumento das temperaturas intensifica os episódios de seca, secando o solo e alterando sua permeabilidade de diferentes maneiras".
Quando chove um pouco mais que o esperado, já é suficiente para transbordar e até mudar os leitos dos rios, diz o pesquisador. De fato, de acordo com o departamento de Proteção Civil do país, 20 rios transbordaram e 280 barreiras deslizaram.
Catorze pessoas morreram, mais de 5 mil fazendas de frutas e graõs ficaram submersas, em torno de 20 mil pessoas ficaram desabrigadas e quase 30 mil casas estão sem energia. Todas essas consequências são atendidas por cerca de 1.100 bombeiros. Especailistas em segurança e em meio ambiente criticam o governo italiano por não estar preparado para os crescentes desastres naturais causados pela mudança climática. "São eventos extremos cada vez mais intensos, com riscos para a vida das pessoas, impactos no meio ambiente e na economia, e a Itália mais uma vez se mostra despreparada", criticou a Legambiente, a maior associação de ambientalistas do país, em nota.
Para eles, a Itália é mais vulnerável que a maioria dos países porque está cercada por água - no caso, o Mar Mediterrâneo, que está mais quente que o normal. Essa condição só agrava as tempestades. explicam os ambientalistas.
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