Chico Buarque recebe prêmio e dispara: "Bolsonaro não sujou meu diploma"
Presidente português lamenta adiamento na entrega: "Meu caro amigo, me perdoe, por favor, essa demora"
O cantor, compositor e escritor, Chico Buarque, 78 anos, recebeu nesta 2ª feira (24.abr) a mais importante honraria da Literatura de Língua Portuguesa, o prêmio Camões. A cerimônia ocorreu em uma cerimônia em Sintra, Portugal, depois de quatro anos de espera, pois o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusou a assinar a documentação necessária para que o brasileiro recebesse o diploma.
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Ao comentar sobre a demora, em seu discurso, Chico disparou:
"Reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu prêmio Camões, deixando seus espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula", afirmou Chico.
Chico continuou as críticas ao ex-presidente e classificou o ex-governo como "quatro anos de governo funesto" e que "duraram uma eternidade". O artista ainda afirmou que mesmo com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, a "ameaça fascista ainda permanece no Brasil".
Em outro trecho do discurso, Chico disse que o prêmio é um "desagravo" aos artistas pelos últimos anos de "estupidez e obscurantismo".
"Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nestes últimos anos de estupidez e obscurantismo", disse.
O presidente brasileiro, Lula, que está em Portugal para agendas bilaterais, afirmou que é "uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos. Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê".
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, se desculpou pela demora na entrega do prêmio. "Meu caro amigo, me perdoe, por favor, essa demora", disse.
Ele continuou dizendo que quatro anos é uma longa espera para que fosse feito o reconhecimento óbvio da grandiosidade de Chico, mas que está feito.
"Chico esperou quatro anos para receber em mãos (o prêmio) e nós esperamos quatro anos para entregá-lo. Como amigos esperam e como os admiradores esperam por aqueles que admiram", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Obras
Além das obras musicais, Chico Buarque também tem um vasto repertório em livros e peças. Destacam-se o primeiro livro de ficção, "Fazenda Modelo", lançado em 1974. Três anos depois, lançou o livro infantil "Chapeuzinho Amarelo".
Há ainda outras obras lançadas ao longo dos anos e o último romance "Irmão Alemão", foi lançado em 2014.
No teatro, Chico escreveu as peças "Roda Viva" (1968); "Calabar" (1972); "Gota D?Água" (1974), e "Ópera do Malandro" (1978).
