Com eleição de Petro, esquerda avança e chega a 14 países da América Latina
Fenômeno é tema de livro publicado por Juliano Medeiros, presidente do PSol; veja entrevista ao SBT News
Lis Cappi
As eleições na Colômbia, que colocaram pela primeira vez um presidente de esquerda no comando do país, fizeram com que a percepção do movimento político sobre a América Latina ganhasse destaque. Dos 20 países da região, 14 são de esquerda, já considerando a vitória de Gustavo Petro na Colômbia. O avanço do movimento e como se dão os novos desdobramentos do eixo político, são tema do livro publicado pelo cientista político e presidente do PSol, Juliano Medeiros, que conta sobre a obra ao SBT News.
A nova esquerda na América Latina: partidos e movimentos em luta contra o neoliberalismo, da Editora Autonomia Literária, foi publicado na última semana e, como o próprio nome indica, veio com a proposta de mostrar de que forma os novos movimentos de esquerda se inserem no continente. "Fala do papel dos movimentos sociais e novos partidos de esquerda que surgiram na última década e desse processo de renovação da esquerda na América Latina", explica o cientista político e historiador.
Medeiros também aponta diferenças entre movimentos de esquerda do início da década de 2000 e os atuais. Segundo o cientista político, uma das diferenças entre os dois períodos se dá aos principais aspectos políticos e sociais. Enquanto antes a preocupação maior estava no combate às desigualdades, atualmente, há outras demandas,como em relação ao meio ambiente e liberdades individuais.
"Esse ciclo que estamos vivendo agora é um pouco diferente, porque não é um ciclo que tem como força hegemônica tradicionais partidos de centro-esquerda. Mas novos partidos, novos atores políticos e sociais. A primeira diferença que eu vejo em relação ao ciclo anterior é que não são os mesmos atores. E, em segundo lugar, as suas agendas. A agenda deste ciclo que estamos vendo agora coloca com muito mais centralidade o tema ambiental, o tema dos direitos humanos, das liberdades individuais. Dialogando, também, com a realidade de seus respectivos países. Enquanto no ciclo anterior, o centro era o combate às desigualdades", diz.
Medeiros também aponta que esse tipo de vertente não foi utilizada em movimentos de direita. "A direita esteve com Macri (Argentina), Bolsonaro, Piñera (Chile), Mário Abdo no Paraguai, Duque na Colômbia e não conseguiu produzir nenhum tipo de integração regional benéfica para os nossos povos. Então, quem sabe, com os partidos de esquerda e centro esquerda isso seja possível?", pondera.
Confira a entrevista completa concedida por Juliano Medeiros ao SBT News: