'Sonic 2' pode ser a última interpretação de Jim Carrey
Estreia no Brasil será nesta 5ª feira (7.abr)
Cleide Klock
Nostalgia em dose dupla. Os fãs que se deliciaram nos anos de 1990 com o surgimento de um dos games mais famosos de todos os tempos, reencontram no telão um dos ídolos da mesma década, na melhor forma, no que parece ser uma despedida. Quem jogou Sonic em seus primórdios, provavelmente, nos intervalos se divertia com Ace Ventura, Debi & Lóide - Dois idiotas em apuros, O Máskara, O Show de Truman ou O Pentelho. Jim Carrey estava no auge da carreira quando o game conquistava o mundo e agora, após fazer o segundo filme da franquia, diz que esta deve ser sua última atuação.
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Sonic 2- O filme chega aos cinemas brasileiros nesta 5ª feira (7.abr). Em fevereiro de 2020, um mês antes do mundo parar por causa da pandemia, e já com alguns países sofrendo com o impacto da covid, o primeiro filme entrava em cartaz. Mesmo assim, faturou cerca de o equivalente a R$ 1,5 bilhão. Agora o ouriço super-rápido volta às telas em um momento que o mundo busca esperança para recomeçar.
O primeiro filme ficou marcado pela importância que a Paramount deu às críticas dos fãs ao assistirem às primeiras imagens do material no pré-lançamento: não reconheceram o mascote, pediram revisão e o estúdio deu um upgrade para deixá-lo mais fiel aos games. A presença de Jim Carrey também foi fundamental ao sucesso, com aquelas caras e bocas que fizeram com que ele se transformasse em um dos mais amados (e bem pagos) comediantes de todos os tempos. Caricato, sim, mas e daí?
Sonic Teen
Neste retorno, o enredo traz novamente aquela fusão de desenho e atuação, com acabamentos que elevaram o visual de Sonic, seus amigos e inimigos. Se para o primeiro filme tudo precisou ser feito às pressas, agora o avanço da tecnologia e o tempo para caprichar na finalização, deram textura e tons impecáveis ao live action. Preste atenção nos pelos -- ou seriam espinhos sedosos? -- do protagonista!
A história, claro, pega carona em como terminou o último filme. "No primeiro, Sonic começou a entender que não deveria usar seus poderes para fugir, mas para proteger seus amigos. Ele saiu vitorioso na primeira parte, mas ainda tem um caminho a percorrer para realmente entender o que significa ser um verdadeiro herói", contou o cineasta Jeff Fowler, que também assinou a direção do filme de 2020.
A grande ameaça nesta sequência fica por conta de Knuckles, personagem dublado no original pelo ator Idris Elba. Knuckles está à procura de Sonic e para isso se une ao vilão humano Dr. 'Eggman' Robotnik (Jim Carrey), que estava no Planeta dos Cogumelos e se oferece para guiá-lo nessa missão, com segundas intenções. Tails também entra em ação como o aliado cheio de amor do herói azul.
"Trouxemos de volta, basicamente, o que nós amamos no primeiro filme e tudo ficou maior: a ação, o humor, mas também o coração. Isso é o mais importante para não perder de vista, porque as pessoas se conectam muito com a emoção que o Sonic traz para a gente. Ele está um pouco mais velho agora, é um adolescente tentando se entender e compreender seus poderes, mas há muitas lições para aprender no meio do caminho", diz o diretor.
O filme consegue ser um mix que ao mesmo tempo deixa as crianças que nunca conheceram Sonic ligadas à trama, mas também bate fundo na memória afetiva dos fãs do personagem que podem sentir que o game criou vida. O longa traz várias referências que só quem se aprofundou no jogo da Sega vai poder identificar, o que não deixa de ser também uma nova fase para esse game. Uma fórmula eficiente, que soa como homenagem para os mais emocionados e assim como faz rir, também pode fazer chorar.
Em vídeo promocional da Paramount, o próprio Sonic pede carinhosamente para não dar spoilers, por isso é importante parar por aqui. Mas vai um breve alerta: há novamente uma cena pós-créditos, que vai fazer o coração dos fãs do ouriço palpitar ainda mais rápido.
Espere também por mais sequências, spin-offs e outros produtos cinematográficos da franquia.
A Sega e a Paramount já anunciaram a produção do terceiro filme solo de Sonic, além de uma série live-action centrada em Knuckles. Ainda não há data definida para as demais estreias.
A última atuação de Jim Carrey e muito a dizer
Em uma entrevista promocional sobre o filme, ao site americano Access Hollywood, o ator Jim Carrey revelou que este deve ser seu último filme. "Estou me aposentando, provavelmente. Estou sendo muito sincero", disse uma das maiores lendas da comédia de Hollywood.
Jim Carrey, hoje com 60 anos, foi um dos atores mais bem pagos de Hollywood na decada de 1990 e início dos anos 2000. Ele viu seu cachê disparar após fazer seu primeiro grande sucesso, Ace Ventura, em 1994. Por esse filme ganhou US$ 350 mil. No mesmo ano emendou Debi & Lóide e O Máskara, ambos com sucesso estrondoso.
Em 1996, já embolsou um cachê de US$ 20 milhões para atuar em O Pentelho, o que seria nos dias de hoje o equivalente a US$ 34 milhões. Nunca antes outro ator recebeu um cachê tão alto.
Carrey chegou a morar em seu país natal, o Canadá, dentro de uma van com toda a família, que havia perdido a casa. No início da adolescência, o ator trabalhou no turno da noite em uma fábrica de pneus, para ajudar a família a tentar se reestabelecer e, anos mais tarde se dividia entre a fábrica e os clubes de comédia.
Em 40 anos de carreira, atuou em 68 produções e já ganhou mais de US$ 300 milhões entre cachês e bônus. Na entrevista ao Access Hollywood, disse já ter o suficiente.
"Você nunca vai ouvir outra celebridade falar isso, mas eu sinto que tenho o suficiente. Já fiz o suficiente. Eu sou suficiente", disse o ator que também revelou: "Gosto da vida tranquila, amo colocar tinta na tela, amo minha vida espiritual". Em 2012 ele fez a primeira exposição individual como pintor, também escreve livros infantis, desde que se tornou avô, há 12 anos e tem uma banda de rock.
Em 2015, Carrey viveu um drama pessoal quando a ex-namorada, a maquiadora Cathriona White, se suicidou por overdose e deixou uma carta que o citava. Ela escreveu que teria sido humilhada ao confrontar o ator sobre as doenças sexualmente transmissíveis que contraiu, supostamente, nas relações com ele. O ex-marido de Cathriona, Mark Burton, e a mãe da irlandesa responsabilizaram judicialmente Carrey pelo suicídio.
Em fevereiro de 2018, o ator foi inocentado de todas as acusações e o caso contra ele foi arquivado.
Porta meio aberta
Carrey, claro, não fechou todas as portas. "Depende se os anjos trouxerem algum tipo de roteiro escrito em tinta dourada que me dirá que será muito importante para as pessoas verem, eu posso continuar na estrada, mas estou fazendo uma pausa", afirmou na mesma entrevista.
Já em outra conversa para divulgar o filme, agora com a CBS Mornings, Carrey aproveitou para detonar Will Smith após ele dar um tapa em Chris Rock durante a cerimônia do Oscar e disse que se fosse com ele processaria Smith em US$ 200 milhões.
"Porque o vídeo vai existir para sempre, está se tornando algo onipresente. Se você quer gritar algo da plateia e mostrar desaprovação ou dizer algo no Twitter (é aceitável, mas), você não tem o direito de subir ao palco e dar um tapa na cara de alguém porque disse algumas palavras", completou Carrey.
Carrey & Sonic
Jim Carrey já havia interpretado o vilão Dr. Ivo "Eggman" Robotnik no primeiro filme da franquia, em 2020. Ele confessou que o filme é maior e mais profundo do que imaginava.
"Quando entrei nesse projeto não sabia ao certo o que estava fazendo escolhendo Sonic. Mas tinha algo doce, que me toca, algo amável nesse personagem adolescente que tem esse poder na nossa cultura pop. Eu estou realmente amando esse planeta. Nos dá uma sensação de inocência e eu pude estar nessa composição que está nos levando para um mundo virtual que não podemos mais controlar."
Fazem parte do elenco também na versão original: Ben Schwartz, Colleen O'Shaughnessey, Tika Sumpter e James Marsden. Já na versão brasileira as dublagens são de Manolo Rey (Sonic), Vii Zedek (Tails), Ronaldo Júlio (Knuckles), Tatá Guarnieri (Dr. Ivo "Eggman" Robotnik) e Raphael Rossatto (Tom Wachowsk).