Guerra da Ucrânia: Rússia e UE falam sobre sanções econômicas
Bancos centrais da União Europeia e Rússia pontuaram estratégias para proteger economias
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, anunciou, nesta 6ª feira (25.fev), que a instituição "vai tomar qualquer atitude necessária para garantir a estabilidade de preços e financeira na zona do euro". Segundo Lagarde, as sanções econômicas definidas pela União Europeia e governos europeus serão implementadas "decisivamente" e "rigorosamente" pelo BCE e bancos nacionais da Europa.
Sobre o cenário financeiro, Lagarde ressaltou que ainda é cedo para definir a progressão do crescimento da inflação, pois há mudanças constantes. No entanto, avalia que por causa do aumento do custo do setor energético, a inflação deve subir. "O preço do gás está seis vezes acima do de um ano atrás. O preço do petróleo está 54% mais alto que de um ano atrás", destacou.
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Para lidar com a guerra na Ucrânia e a crise econômica, a presidente do BCE informou que a instituição vai ser guiada por quatro princípios norteadores: velocidade nas decisões, manutenção da confiança, opcionalidade - estratégia de investimentos de fundos - e flexibilidade. "Velocidade em caso de emergência, como fizemos na covid-19; necessidade de manter a confiança, tendo liquidez disponível; sistemas de pagamento trabalhando corretamente e dinheiro disponível; opcionalidade para mudar de acordo com as circunstâncias voláteis e a flexibilidade para responder a esse período de crises", explicou. Segundo Lagarde, a situação está sendo monitorada pelo BCE e em 10 de março haverá reunião do conselho para discutir o andamento das sanções e estratégias financeiras.
Ainda na manhã desta 6ª feira (25.fev), o Banco Central da Rússia anunciou medidas para apoiar os bancos russos prejudicados por sanções econômicas dos Estados Unidos após a invasão da Ucrânia. "Todas as operações destes bancos ocorrerão em rublos e os serviços adequados serão prestados a todos os clientes, como habitual. O Banco da Rússia está preparado para apoiar os bancos com rublos e moedas estrangeiras", afirma o comunicado.
Segundo a agência de notícias AFP, o Sberbank afirmou que todos os seus sistemas e agências continuam operando "normalmente" e que os clientes tiveram "acesso completo" a todos os meios financeiros. Já o VTB anunciou que, devido às sanções, o uso de seus cartões das bandeiras Visa e Mastercard no exterior é "impossível". O Novikombank, também alvo das medidas, informou que a "implementação de sanções não afetará suas atividades".
A porta-voz das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, não entrou em detalhes sobre as sanções econômicas, mas criticou a atuação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Defendemos o princípio do mundo justo, para que se mantenham as lei internacionais, sem interferir nos negócios internos do país. [...] Representantes da Otan se recusam a entender que houve promessas de não aumentar na direção leste e os membros e participantes começaram a escrever a esse respeito. É uma amnésia imensa coletiva", disse.
Maria ainda atacou a Ucrânia e acusou o país vizinho de não respeitar o acordo de Minsk, tratado para o cessar-fogo imediato entre as regiões envolvidas na guerra civil, em 2014. "Isso é clássico de Kiev, falam de uma forma, mas agem de outra", acusou a porta-voz. Maria ainda afirmou que o governo russo tentou negociar de forma intensa e no mais alto nível para resolver o conflito no leste da Ucrânia, mas uma parede foi criada, não pelos russos, e sim pelos ucranianos e parceiros do Ocidente. No entanto, afirma que a Rússia está aberta para um diálogo honesto entre ambos envolvidos.
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