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Conflito entre China e EUA é "guerra improvável", diz especialista

Orçamento militar bilionário de ambos países representa 52% dos gastos militares mundiais

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Joe Biden e Xi Jinping, lideres das duas maiores potências nucleares
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Estimados em US$ 1981 bilhões, os gastos militares globais em 2020 atingiram o nível mais alto desde 1988 e foram 2,6% maior em termos reais em relação a 2019, de acordo com dados publicados pelo Instituto Internacional de Pesquisa Para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês). Dos 10 países que mais investiram em tecnologia militar, Estados Unidos e China estão em primeiro e segundo lugar, respectivamente. 

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Apesar de assegurar que não estão em busca de uma "nova Guerra Fria" em discurso na Assembleia Geral da ONU, em 21 de setembro, o governo de Joe Biden alocou US $ 715 bilhões para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no terceiro ano consecutivo de crescimento nos gastos militares, após sete anos de reduções contínuas, segundo o SIPRI. A postura da China não é diferente.

Há 26 anos o país vem aumentando os seus gastos militares, visando a modernização e expansão militar de longo prazo para se tornar uma potência no setor. Somente em 2020, foram gastos US$ 252 bilhões. Juntas, as duas potências representam 52% na parcela dos gastos militares mundiais


As farpas dos últimas semanas relembram a competição militar entre a extinta União Soviética e Estados Unidos no período de 1974 a 1989, mas a letalidade e tecnologia alcançados no século XXI tornam qualquer possibilidade de conflito "improvável", na opinião do professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser, especialista em Estados Unidos e Oriente Médio.

O docente relembra a celebre frase do filósofo e cientista político francês Raymond Aron para explicar a atual tensão entre Estados Unidos e China: "Paz impossível, guerra improvável".

"A paz será impossível - à época ele (Raymond Aron) falava da Guerra Fria, mas eu diria hoje - porque sempre vai ter competição, né' Não é comunismo versus capitalismo, mas é competição por influência, competição geopolítica, sempre vai ter competição, então a paz é impossível. A Guerra, ele não colocou como impossível porque vai que acontece, mas ela é improvável. E a guerra entre eles vai se tornar cada vez mais improvável, a medida que o poderio das armas aumenta." e acrescenta, " Uma coisa é você disparar um tiro de canhão, a outra é você mandar um míssil nuclear. Não tem volta. Existe uma ideia de quanto mais você se arma, no sentido de armas poderosas, nucleares, misseis, você não as vai usar."

Esse desenvolvimento militar, nas palavras de Nasser, tem uma razão, "a teoria da dissuasão". Assim como acontecia na Guerra Fria, quando desfiles militares e experimentos eram divulgados e transmitidos, os países usam dessa mesma estratégia nos dias de hoje, investindo cada vez mais em armas de destruição em massa e alta tecnologia.

As manobras da Força Aérea Chinesa dentro da zona de aérea de Taiwan; o acordo dos EUA, Austrália e Reino Unido para fornecer tecnologia nuclear para o submarino; Pequim assustando o mundo com o testes de mísseis hipersônicos de tecnologia ainda desconhecida pelos norte-americanos, são partes de estratégias de dissuasão.

Além disso, ambos países tem muito a perder com qualquer conflito que sai da esfera da dissuasão e chegue as vias militares. Não só os Estados Unidos e a China perderiam, mas qualquer conflito que pudesse dissolver a relação comercial entre os dois, seria catastrófico a nível mundial. 
 

Escalada da tensão e atual desenvolvimento tecnológico

Neste tabuleiro geopolítico global, países que fazem demonstração de força bélica com a realização de teste de novos armamentos, que buscam mais eficiência na não-letalidade e mais assertividade ao afetar infraestruturas, que pode prejudicar cidades inteiras e afetar economias de países. Confira abaixo algumas tecnologias militares que estão em desenvolvimento.

China derruba um drone com um disparo de PEM

De acordo com o jornal South China Morning Post, os cientistas chineses realizaram em agosto um experimento com pulso eletromagnético (PEM). 

Segundo um artigo publicado na publicação chinesa Electronic Information Warfare Technology, um drone foi derrubado por um disparo de pulso eletromagnético. 

A última experiência segundo o SCMP foi supostamente conduzida pelo China Electronics Technology Group (CETC). A aeronave foi abatida quando voava a 1.500 metros de altura (4.920 pés) acima do nível do mar, quando foi neutralizada pelo PME.

No entanto, os pesquisadores descobriram que o sistema de controle de voo do drone não funcionou de forma correta depois do disparo da arma de energia. Para engenheiros do CETC 'sistema de controle de voo não funcionou bem, porque emitiu um comando de erro de controle'.

Foi considerado o primeiro teste de campo relatado de forma aberta pela China com o uso desta arma.

Além disso, a mesma publicação afirma que existe um estudo separado em que os pesquisadores chineses estavam trabalhando em uma arma EMP de 80 gigawatts - ou seja, com uma potência equivalente a quatro vezes a energia gerada pela Barragem de Três Gargantas. 

A arma de PEM teria sido proposta por cientistas nucleares, que afirmaram que este tipo de bomba poderia usar ondas eletromagnéticas poderosas para paralisar uma cidade ao desativar todos os dispositivos eletrônicos em uma determinada área, em vez de matar as pessoas.
 

Thor e o Projeto Mjolnir: o cacador de drones e eletrônicos

Arma derrubou 50 drones com apenas um disparo | AFRL Directed Energy Directorate

Segundo o The Defense Post, a arma chamada de Thor (Tactical High-power Operational Responder ou Resposta Operacional-Tático de Alta Potência)  é um protótipo capaz de desativar componentes eletrônicos em drones e foi projetada para combater vários alvos ao mesmo tempo, como um enxame de drones, de forma efetiva.

Com um disparo esta arma foi capaz de derrubar 50 drones, de forma instantânea, mostrando que o armamento tem capacidade para defender uma base militar contra este tipo de aeronave. Além disso, o Thor pode destruir a infraestrutura crítica ou seja equipamentos tecnológicos e comunicação. "Um alvo é identificado, a arma silenciosa dispara em menos de um segundo e o impacto é instantâneo", explica a narração em vídeo.

Segundo o site do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos (AFRL), a arma pode ser operada 'a partir de uma tomada na parede'. 

O sistema pode ser configurado em até 3 horas por duas pessoas e não exige muita demanda operacional técnica, podendo ser operado por um militar que tem um nível mínimo de treinamento.

A arma tem um sistema de micro-ondas de alta potência e causa corte de energia dos dispositivos eletrônicos. Quando o Thor identifica o alvo, ele faz um disparo na velocidade de um nanosegundo que é capaz de abater o inimigo.  A arma pode ser armazenada em um contêiner de transporte de 6 metros e, neste momento, ela está na Base Aérea de Kirtland, no Novo México.

Além disso, o projeto já tem o próximo protótipo, chamado de Mjolnir, que também homenageia o deus nórdico mítico e o martelo de Thor, que tem este nome. O Mjolnir terá algumas atualizações e melhorias na fabricação do armamento. 

"À medida que o perigo dos enxames de drones evolui, todos os serviços estão trabalhando em conjunto para garantir que tecnologias emergentes, como o Mjolnir, estejam prontas para atender às necessidades dos combatentes já engajados contra essas ameaças", disse Adrian Lucero , vice-gerente de programa do THOR ao The Defense Post.

A nova versão do projeto está em andamento e deve ter a primeira versão do protótipo em 2023.

Assista a exibição da arma Thor:

Canhão eletromagnético cancelado pela Marinha dos EUA

Arma custou 500 milhões de dólares, mas desenvolvimento foi cancelado para priorizar outras tecnologias militares | John F. Williams/U.S. Navy

Em junho deste ano, a Marinha dos Estados Unidos anunciou o cancelamento da pesquisa do canhão eletromagnético que estava em desenvolvimento há pelo menos 15 anos. É o que relata o pedido de orçamento da instituição para 2022, segundo o site The Drive.

A arma usa campos eletromagnéticos em vez de pólvora para disparar tiros de até sete vezes mais rápido que a velocidade do som em 185 quilômetros de distância. Ou seja, uma arma comum usa a pressão de uma carga de pólvora inflamada para expelir o projétil do cano, que o faz voar em uma trajetória balística, no caso da arma eletromagnética, a eletricidade e o magnetismo são usados para dar impulso a um projetil por meio de trilhos.

Canhão eletromagnético: disparos superam a velocidade do som, alcançando velocidade de sete vezes mais rápido que um canhão a pólvora | Divulgação/U.S. Navy

Foram mais de US$ 500 milhões gastos para a criação da tecnologia militar. O fim do projeto foi justificado por conta de restrições fiscais, desafios de integração do sistema de combate e até mesmo a prioridade no desenvolvimento de outras armas, que sejam mais rápidas e de longo alcance - eficientes em uma grande guerra.

"A decisão de pausar o programa EMRG é consistente com as iniciativas de reforma de todo o departamento para liberar recursos em apoio a outras prioridades da Marinha [que] incluem melhorar as capacidades ofensivas e defensivas, como energia dirigida, mísseis hipersônicos e sistemas de guerra eletrônica", marinha disse ao site Military.com.

Veja um dos testes com o canhão eletromagnético:

Drones kamikazes chineses e avião 'anti-juízo final' russo

Além disso, a China também desenvolveu uma espécie de 'drone suicida' ou 'drone kamikazes', que é disparado em enxame para atacar o alvo. 

Segundo relatos publicados pela mídia local e divulgados pelo South China Morning Post, a tecnologia desenvolvida faz parte de uma estratégia de fusão civil-militar do governo chinês para ampliar o desenvolvimento militar com apoio do setor civil e privado.

Desenvolvido pela estatal China Electronics Technology Group Corporation (CETC) em parceria com um instituto de pesquisa, o enxame de veículos não-tripulados de asa fixa foi testado pelo desenvolvedor. O vídeo divulgado pela empresa mostra os drones sendo lançados de um veículo tático de guerra e por helicópteros.

Testes deste tipo também aconteceram em novembro de 2017, quando o seu instituto de pesquisa a Academia Chinesa de Eletrônica e Tecnologia da Informação disparou 200 drones em seu experimento.

Avião da Rússia tem dispositivo 'anti-juízo final'

Avião do 'juízo final' é baseado em modelo de avião de passageiros Ilyushin IL-96 | Wikimedia Commons

A Rússia começou a construir uma aeronave de comando e controle que terá dispositivos que dão proteção em caso de uma guerra nuclear. Segundo uma fonte que foi entrevistada pelo site RIA Novosti, a Força Aeroespacial russa deve receber 'dois postos de comando aéreo que são baseados no modelo Il-96-400M' e um deles já estaria em produção.

O avião foi projetado para levar altas autoridades, como o presidente da república russa e outros oficiais de alto escalão de segurança em caso de um ataque nuclear. O avião não tem janelas e possui proteção para resistir a pulsos eletromagnéticos e ondas de choque nuclear com ar condicionado filtrado que impede a entrada de radioatividade.

Estas aeronaves vão substituir os modelos Il-80 existentes na frota aérea, que foram modificados a partir do modelo de passageiros Il-86. Os modelos Ii-96-400M terá o dobro de autonomia de voo, poderão reabastecer no ar e serão acompanhados por caças em um voo.

Segundo a agência de notícias russa, sua rede de rádios embarcados vão permitir a comunicação entre as tropas, incluindo aviação estratégica, submarinos e porta-aviões nucleares em um raio de seis mil quilômetros.
 

China e EUA testam mísseis hipersônicos

Lançamento de foguetes Longa Marcha para a órbita do planeta faz parte da tecnologia utilizada para o lançamento do míssil hipersônico | Divulgação/CNSA

Autoridades americanas ficaram em alerta após um suposto teste de um míssil hipersônico com capacidade nuclear da China que circulou a Terra antes de acelerar para atingir seu alvo.

Segundo informações do jornal Financial Times, que confirmou com cinco fontes diferentes, integrantes da inteligência dos Estados Unidos ficaram surpresos com a demonstração de tecnologia militar avançada do país asiático.

De acordo com a publicação, o míssil estava armado com uma orgiva nuclear e foi lançado por um foguete que carregou um planador hipersônico que voou em órbita baixa antes de seguir para o alvo planejado em até cinco vezes mais que a velocidade do som, sendo assim difícil de ser rastreado e interceptado por mísseis convencionais. Porém, apesar da volta planetária, o míssil errou o objetivo em 38 quilômetros. 

A experiência surpreendeu os norte-americanos que observaram um avanço importante no desenvolvimento de armas hipersônicas, que está muito mais avançada do que era previsto do conhecimento dos Estados Unidos.

Estas armas são difíceis de serem rastreadas, porquê elas são lançadas por um foguete para a órbita do planeta e viajam com uma velocidade de cinco vezes a velocidade do som e, com isso, orbitam com o próprio impulso, são manobráveis e assim, podendo ser controláveis. 

O Ministério das Relações Exteriores da China negou que tenha feito testes com mísseis hipersônicos. O governo chinês alegou em nota oficial que o teste foi realizado com um veículo espacial.

O governo da Rússia, que também teria a tecnologia, disse por meio do porta-voz do presidente Vladimir Putin que o alvo das preocupações não deveria ser somente a China e a Rússia, pois "os Estados Unidos da América também estão testando armas hipersônicas". 

Em 2019, os Estados Unidos assinou um contrato com a Lockheed Martin Misle and Fire Control de US$ 998 milhões para conduzir uma revisão de projeto, teste e suporte de produção para o míssil hipersônico Air-Launched Rapid Resonse Weapon (ARRW), disse o Departamento de Defesa dos EUA em um comunicado divulgado à época.

Segundo o The Defense Post, a obra segue em execução em Orlando, na Flórida e deve ser finalizada até o final de 2022, quando o míssil tiver capacidade operacional. 

Rússia faz teste bem-sucedido com míssil hipersônico

No começo do mês de outubro, a Rússia também realizou um teste com míssil de cruzeiro hipersônico. Chamado de Tsirkon, a arma foi lançada no dia 6 no Mar Branco, região do Ártico, pela fragata Almirante Gorchkov, atingindo um alvo em alto mar, há 450 km de distância no Mar de Barents.

O tempo de voo do míssil foi de 4 minutos e meio, com uma velocidade de Mach 8 ou mais de 9 mil km/h.

No começo do mês, a Rússia fez um teste bem-sucedido com um míssil de cruzeiro hipersônico | Ministério da Defesa da Federação Russa

Testes são uma iniciativa do presidente russo Vladmir Putin que prometeu reforçar a presença militar no norte do país, e também por conta de um cenário de episódios recentes de tensão com os Estados Unidos. 
 

Coreia do Norte desrespeita sanções e faz seguidos testes com mísseis

Coreia do Norte faz testes com mísseis desrespeitando sanções da ONU | KCNA/DPRK

A Coreia do Norte disparou em 30 de setembro um míssil antiaéreo para uma série de testes com armas em meio as negociações com os Estados Unidos pela a desnuclearização. A informação foi confirmada pela agência de notícias KCNA, que disse que o teste é 'de importância prática no estudo e desenvolvimento de vários sistemas de mísseis antiaéreos em perspectiva'. 

Além disso, nas últimas semanas, o governo norte coreano também fez disparos de mísseis balísticos e de um míssil de cruzeiro com potencial nuclear. 

Este foi o segundo teste com míssil na semana e o quarto lançamento de armas. Segundo especialistas, seria uma estratégia para conseguir alívio nas sanções, além do fim de outras restrições. 

Os testes chamam a atenção do planeta porque a Coreia do Norte tem desenvolvido armamentos cada vez mais sofisticados. A Coreia do Norte está proibida de fazer lançamento de mísseis balísticos por conta das resoluções da ONU.

Em 19 de outubro, mais um teste. Desta vez com um novo míssil balístico lançado por submarino foi confirmado pela Coreia do Norte, de acordo com informações da imprensa estatal KCNA. O lançamento ocorreu em Sinpo, na costa nordeste da Coreia do Norte.

A agência de notícias coreana afirmou que o míssil possui "muitas tecnologias avançadas de controle e orientação". O regime de Pyongyang realizou diversos testes de mísseis nos últimos meses e as manobras militares ocorrem durante um impasse nas negociações com os Estados Unidos para a desnucleariação das Coreias. 

O teste realizado pela Coreia do Norte foi condenado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. "Estamos cientes do lançamento de um míssil balístico norte-coreano para o Mar do Japão e estamos em consultas com a Coreia do Sul e o Japão", afirmou, em comunicado, o comando norte-americano do Indo-Pacífico.

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