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O casal que se conheceu em meio aos resgates do 11 de Setembro

Policial aposentada que trabalhou no local dos escombros fala também dos desafios vividos há 20 anos

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Victoria Burton e Michael Hankins
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Nova York -- Eles se conheceram durante o trabalho de resgate nos escombros do World Trade Center. Do primeiro contato, uma história de amor. Victoria Burton, em 2001, trabalhava como policial nova iorquina. Ele era bombeiro. "Naquela manhã, eu fui ao banco quando soube pela tevê do que estava acontecendo. Eu simplesmente não podia acreditar que tanto estrago era possível naquela área da cidade." Victoria Burton conta que foi chamada para o trabalho de forma emergencial assim como aconteceu com todas as equipes de policiais e bombeiros de Nova York. Nos dias que seguiram ao atentado, todos cumpriam jornadas de 15, 16 horas diárias. "Meu trabalho era documentar a cena, tirar fotos e coletar ítens pessoais que eram encontrados nos escombros para que esses fossem enviados ao FBI", conta em entrevista ao SBT News"Tínhamos diferentes equipes e por um momento fiquei no necrotério temporário montado ali. Foi quando passei a receber dos bombeiros e socorristas restos mortais das pessoas que estavam nas torres gêmeas." 

Victoria também lembra que muitos familiares dos desaparecidos no atentado chegaram ao local onde ficavam as torres do World Trade Center, naquele setembro de 2001, carregando cartazes com nomes, fotos e telefones para contato. "Há muito tempo não falava sobre isso, sobre aquele dia. Então é como trazer aquelas sensações à tona outra vez", diz.

Victoria Burton e Michael Hankins
Victoria Burton e Michael Hankins/Arquivo pessoal

Questionada sobre o quanto o atentado de 2001 mexe com o emocional, Victoria respondeu: "Ainda é emotivo, mas quando você está trabalhando, você está no piloto automático". Victoria conta que se aposentou há três anos e, desde então, a data 11 de Setembro se tornou algo mais sensível. Tanto que foi somente em 2020 que Victoria Burton voltou ao local onde ficavam as torres gêmeas. Moradora da região do Queens, ela ainda não havia retornado ao cenário do atentado. O que mudou? "Eu conheci meu marido durante os trabalhos de resgate do 11 de Setembro e ele faleceu no ano passado. Então senti, naquele momento, que ali eu estaria perto dele, do local onde nos encontramos pela primeira vez." Michael Hankins, seu esposo, faleceu de complicações da covid-19 no ano passado. "Eu decidi no dia da cerimônia ir ao marco zero, e este ano farei a mesma coisa. Vou acordar e ver como me sinto para decidir o que fazer."

Indenizações para que os trabalharam na região dos escombros do World Trade Center

Muitos bombeiros, policiais, jornalistas e executivos que trabalhavam na região do entorno das torres gêmeas relataram ao longo dos anos sofrerem diferentes problemas de saúde por conta da poeira tóxica.

Michael Barash
O advogado Michael Barasch em entrevista ao SBT News

Em entrevista ao SBT News, o advogado de Nova York Michael Barasch falou sobre o tema: "Meu escritório representa 25 mil pessoas. Metade deles é de socorristas, o restante é de trabalhadores de escritórios e residentes do centro de Manhattan e crianças. Quando o governo americano criou o fundo de compensação às vítimas, essas pessoas se tornaram elegíveis para receber uma compensação financeira. Você não precisa ter cidadania americana, precisa apenas provar que você estava trabalhando, vivendo ou indo à escola na região sul de Manhattan em qualquer momento entre 11 de Setembro de 2001 e 30 de maio de 2002. E se você foi diagnosticado com uma doença como câncer, provar que isso foi diagnosticado depois de 2005. Então é uma presunção, com fundamentos legais, que, se você frequentou aquela região, naquele período, e foi diagnosticado com câncer depois, você é elegível para buscar o benefício".

Michael Barasch afirma que entre essas pessoas estão brasileiros que trabalhavam em Wall Street na região Sul de Manhattan. Questionado sobre como ele se sente afetado pessoalmente após advogar por tantas famílias em casos envolvendo o atentado de 11 de Setembro, o advogado responde que "é de partir o coração, mas por outro lado é compensador saber que você ajudou uma família que perdeu um ente querido".

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