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Justiça

Supremo convoca audiência pública para discussão sobre impactos das bets no Brasil

Decisão do ministro Luiz Fux veio na análise de ação protocolada pela Confederação Nacional do Comércio para que a Lei das Bets seja declarada inconstitucional

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Fux convida presidentes do Senado e da Câmara para participar da audiência | iStockphoto
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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou uma audiência pública para discussão dos impactos das apostas de cota fixa — popularmente conhecidas como bets — no Brasil, para as 10h de 11 de novembro. A decisão, desta quinta-feira (26), veio na análise de uma ação protocolada nesta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) para que a chamada Lei das Bets, sancionada no ano passado e que regulamenta a modalidade de apostas, seja declarada inconstitucional.

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Conforme a decisão, os interessados poderão manifestar seu desejo de participar e de indicar expositores na futura audiência até as 19h de 18 de outubro. Os pedidos de participação deverão ser encaminhados exclusivamente para o endereço de e-mail adi7721@stf.jus.br, até a data, para que sejam analisados.

Fux já convida para participarem o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas; o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet; o advogado-geral da União, Jorge Messias; a Ministra da Saúde, Nísia Trindade; a Ministra dos Direitos Humanos e a Ministra da Igualdade Racial, Macaé Evaristo; e entidades da sociedade civil.

Entre as entidades, a própria CNC, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), o Instituto Brasileiro do Jogo Legal (IJL), Grupo Mulheres do Brasil e a Educafro.

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Na decisão, Fux ressalta que, diante da "complexidade e da natureza interdisciplinar" do tema das bets, que envolve aspectos de neurociência, econômicos e sociais, é "valiosa e necessária" a realização de audiência pública na ação, "de sorte que esta Corte possa ser municiada de informações imprescindíveis para o deslinde do feito, bem como para que o futuro pronunciamento judicial se revista de maior legitimidade democrática".

A oitiva de especialistas, entidades reguladoras, órgãos governamentais e representantes da sociedade civil, diz o ministro, não é para colher interpretações jurídicas dos textos constitucional ou legal. Ela se destina a "esclarecer as inúmeras questões técnicas associadas à saúde mental, aos impactos neurológicos da prática das apostas sobre o comportamento humano, os efeitos econômicos para o comércio e seus efeitos na economia doméstica, bem como as consequências sociais desse novo marco regulatório [Lei das Bets]".

A ação da CNC

Na ação protocolada, a Confederação Nacional do Comércio defende que a Lei das Bets, ao promover o aumento da prática de jogos de azar, tem provocado impactos significativos nas esferas econômica, social e de saúde pública, afetando, de forma mais acentuada, as classes sociais mais vulneráveis.

A entidade argumenta que a popularização das apostas, impulsionada pela norma, tem resultado no crescente endividamento das famílias, principalmente das que pertencem às classes de menor poder aquisitivo. De acordo com a CNC, a destinação de uma parcela significativa da renda familiar às apostas online tem levado à diminuição do consumo de bens e serviços essenciais, o que vem impactando de forma negativa o comércio varejista e a economia doméstica, e enfraquecendo o desenvolvimento econômico local em várias regiões do Brasil.

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A confederação pontua as bets afetam de forma desproporcional os grupos mais vulneráveis, como jovens e pessoas em situação de pobreza. Ainda segundo a ação, o comportamento compulsivo, que pode ser causado pela prática recorrente dos jogos de azar, é relacionado à liberação de dopamina no cérebro, gerando ciclo vicioso que prejudica gravemente a saúde das pessoas que apostam. A Lei das Bets, ressalta a CNC, não possui medidas suficientes para prevenir e combater os efeitos nocivos à saúde mental.

Levantamento do Banco Central divulgado na terça-feira (24) mostra que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com empresas de apostas no mês passado.

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