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Justiça

"Só ignorante" instalaria espuma em boate, diz engenheiro que atuou na Kiss

O engenheiro alega que foi contrário à aplicação do produto na casa noturna

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Jéssica Rosado
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No segundo dia de depoimentos no júri sobre o caso da boate Kiss, nesta 5ª feira (2.dez), dois sobreviventes deram detalhes da noite do incêndio na casa noturna de Santa Maria. 

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Emanuel Pastl foi o primeiro a falar. Depois da tragédia, ele se tornou engenheiro especializado em incêndios. O jovem, que hoje tem 27 anos, frequentava a boate com o irmão gêmeo e amigos, e explicou aos jurados que precisou usar o celular para tentar sair do prédio em chamas, porque não havia iluminação nem sinalização.

"Quando deu o princípio de incêndio, não teve nenhum alarme. E também não estava clara a rota da saída de emergência, não tinha iluminação", lembrou.

A terapeuta ocupacional Jéssica Rosado, de 33 anos, chorou ao lembrar do irmão, Vinícius, que morreu aos 26 anos depois de ajudar a resgatar pessoas dentro da boate. Durante o depoimento, ela vestia uma camiseta com a imagem de Vinícius, passou mal e precisou de atendimento médico. O pai e a mãe acompanharam o depoimento dela. "Se não fosse a Jéssica, eu não estaria mais aqui", disse o pai, Ogier Rosado. Foi ele quem procurou, há algum tempo, o réu Luciano Bonilha, produtor da banda Gurizada Fandangueira, para conversar sobre a tragédia, encontro que acabou com um abraço entre os dois.

A sobrevivente e bacharel em Direito Kelen Ferreira emocionou as mães de vítimas que acompanhavam a sessão da noite de 4ª feira (1.dez). Ela mostrou aos jurados a prótese que só adquiriu porque acionou o Estado na justiça. Questionada pelo juiz Orlando Faccini Neto sobre as atividades que não pode mais exercer em função da perna amputada, Kelen foi irônica: "Correr não consigo mais. A última vez que eu corri foi para tentar me salvar da morte".

O depoimento dos sobreviventes foi interrompido para que o juiz pudesse ouvir o engenheiro civil que orientou os donos da boate a não instalar a espuma que, incendiada, gerou a fumaça tóxica que agravou o incêndio. Miguel Ângelo Teixeira Pedroso disse que era contrário ao produto e explicou que uma espuma em ambiente sonoro tem a função de gerar conformo acústico e "só um leigo, ignorante na área, é que poderia achar que espuma seja conveniente dentro de uma boate", porque os frequentadores não querem comodidade acústica, mas "agitação acústica", enfatizou.

Veja reportagem do SBT Brasil:

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