Moro: hackers tinham objetivo de "minar esforços anticorrupção"
Ex-ministro prestou depoimento nesta 2ª em processo aberto a partir da Operação Spoofing
SBT News
O ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro prestou depoimento à Justiça Federal em Brasília, nesta 2ª feira (17.mai), no processo que investiga a ação de hackers a celulares de autoridades, investigados na Operação Spoofing. Na oitiva virtual Moro afirmou que a ação dos invasores teve o objetivo de "minar esforços anticorrupção" no país.
Para o ex-ministro, as mensagens entre ele e procuradores da Operação Lava-Jato foram usadas para "buscar interromper investigações contra crimes de corrupção e anular condenações de pessoas que se envolveram em crimes de corrupção". No mês passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o ex-juiz suspeito e anulou as condenações proferidas por ele contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"No país que a gente tem uma tradição de impunidade de grande corrupção e aí vêm essas pessoas e utilizam esses meios ilícitos para minar esses esforços anti-corrupção, as consequências foram extremamente graves. Não vejo nenhum mérito na ação desses hackers, muito pelo contrário. Além da própria violação da privacidade das pessoas e da comunicação de agentes públicos, o objetivo espúrio foi unicamente buscar a impunidade da grande corrupção", disse.
Moro prestou depoimento por supostamente ter sido alvo da ação dos hackers. As mensagens trocadas por ele e por procuradores a respeito da Operação Lava Jato foram divulgadas pelo portal The Intercept.
Ainda no depoimento, o ex-juiz defendeu que "tudo o que foi feito na Operação Lava Jato foi feito conforme a interpretação da lei" e negou ter tentado, enquanto ocupou o Ministério da Justiça, interferir nas investigações da Operação Spoofing.
Segundo Moro, o delegado responsável repassava informações relativas ao caso à direção da Polícia Federal que, por sua vez, as encaminhava ao então ministro para que ele informasse outras autoridades que teriam sido hackeadas, entre elas o presidente da República: "Havia uma necessidade de informar elas, até porque poderiam estar envolvidas questões relativas à segurança nacional, e revelar a elas que havia uma vulnerabilidade".
Manuela D'Ávila
Candidata à vice-Presidência em 2018, na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT), a ex-deputada Manuela D'Ávila também prestou depoimento nesta 2ª. Ela confirmou que repassou aos supostos hackers o contato do jornalista Glenn Greenwald, à época no Intercept. Ela ressaltou, contudo, que, fora as informações reveladas pelas investigações, desconhece a identidade do autor do ataques. "Nunca soube quem era a pessoa por trás do contato e nunca vi a imagem da pessoa, porque mantive toda a comunicação por escrito", afirmou.