Entregador é vítima de racismo no bairro de Pinheiros, em São Paulo
Autor das ofensas racistas foi agredido por pessoas que passavam pelo local e viram a discussão
SBT News
Um entregador foi vítima do crime de injúria racial no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Pessoas que passavam pelo local entraram na discussão e agrediram o acusado, no meio da rua, com empurrões, socos e xingamentos.
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É difícil para Renato da Silva Santos lembrar de cada palavra que ouviu e o que sentiu naquela hora: "foi fulminante, doeu na minha alma".
A frase ouvida por ele foi: "preto pode ter tudo, pode ter até Iphone que vai continuar pulando que nem macaco e depois se vitimizando como preto na internet".
O entregador deixou o local, mas voltou engasgado: "você não pode dizer isso nunca, porque o que você está dizendo se configura como racismo".
A discussão chamou a atenção de quem passava pela rua. Um grupo de entregadores se solidarizou com Renato e passou a agredir o acusado com empurrões, socos e xingamentos.
Em depoimento, Frederico Bischof diz que, na conversa, elogiava um primo negro, que se tornou engenheiro, ao contrário dos filhos, que têm Iphone e se vitimizam. Disse ainda que Renato instigou os agressores ao chamá-lo de racista e que ficou machucado. O primo confirmou a versão e contou que a mãe de Frederico é negra.
Cinco viaturas da polícia foram até o local, no bairro de classe média alta da capital paulista. Segundo a advogada do entregador, ele foi tratado como criminoso, apesar de ter sido alvo de racismo.
"Ele foi abordado pela Polícia Militar como se ele fosse o autor de um crime. A polícia chegou com muita truculência pra cima dele", afirma Roberta Di Rocco Loria.
O caso foi registrado como injúria racial. A pena varia de dois a cinco anos de prisão, mais multa.