No pós-pandemia, negros têm mais dificuldade para retomar negócios
Segundo FGV e Sebrae, racismo estrutural diminui renda e dificulta tomada de créditos em bancos
Pablo Valler
A crise econômica causada pela pandemia de covid-19 deixou sequelas, principalmente, nos pequenos negócios. Mas, de acordo uma pesquisa feita com mais de 13 mil pessoas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o Sebrae, a queda no faturamento ocorreu em proporções diferentes entre os empresários brancos, com 54% deles, e o negros, com 62%.
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A profissão de Anderson Gugu Reis, um paulistano casado e pai de duas meninas, foi totalmente prejudicada. Ele é DJ. "Quem vive do entretenimento teve que parar. Sem dinheiro entrando, tive que, inclusive, vender equipamentos para ajudar em casa", lamenta. Agora que o isolamento social acabou, ele está voltando às festas, mas aos poucos. Já conseguiu parte dos equipamentos de volta. As dificuldades, entretanto, para retomar um negócio também são maiores para os negros, conforme a pesquisa.
Na busca por empréstimo para investir, enquanto 61% dos brancos tiveram o pedido liberado, 46% dos negros conseguiram. A pandemia também reduziu a renda da maioria. Porém, dos negros princiaplemnte: 62% deles. Já os brancos, 56%.
"Quando se tem uma crise, esses negócios são os primeiros a sentir."
O economista do Sebrae, Marcos Bedê, explica que, diferentemente dos brancos, os negros, geralmente, têm negócios menores -- o que também é uma característica de resultado histórico, já que os serviços ou produtos que criam, geralmente, estão em localidades menos favorecidas. "Como esses negócios estão em comunidades mais humildes, com poder aquisitivo menor, quando se tem uma crise, esses negócios são os primeiros a sentir", explica.
Economista dá dicas
Para diminuir o impacto tão grande que as crises financeiras têm sobre os pequenos negócios, o economista explica que não há outra maneira se não um controle mais efetivo da inflação pelo governo. Da parte do empreendedor, se unir a outros do mesmo ramo, até mesmo fazer parte de cooperativas e associações, pode ajudar a ganhar força.
"Vou conquistar tudo que eu tinha. E mais ainda!"
O Anderson já conta com o apoio de amigos da música. Além, é claro, daquele incentivo que nunca deixa ele desanimar: a família. "Eu vou conquistar tudo que eu tinha. E mais ainda! E muito mais, o céu é o limite".