Otan vai aumentar presença militar na fronteira com a Rússia
Moscou foi classificada como "ameaça direta" à aliança, que também vê China como um desafio à segurança e valores do Ocidente
Giovanna Colossi
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciou na 4ªfeira (29.jun) um plano para aumentar em quase oito vezes o tamanho da força de reação rápida da aliança, de 40.000 para 300.000 soldados, até 2023. Uma nova formação militar que tem como objetivo combater a Rússia, que foi classificada como "ameaça mais significativa e direta" à aliança.
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As tropas estarão baseadas em seus países de origem, mas dedicadas a países específicos do leste, onde a aliança planeja acumular estoques de equipamentos e munições, isto significa o aumento de tropas na Espanha, Polônia, Romênia, nos Estados bálticos, no Reino Unido, Alemanha e Itália.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cujo país fornece a maior parte do poder de fogo da Otan, anunciou um forte aumento na presença militar do país na Europa, incluindo uma base permanente na Polônia, mais dois destróieres da Marinha baseados em Rota, na Espanha, e mais dois esquadrões F35 no Reino Unido.
A expansão manterá 100 mil soldados na Europa no futuro próximo, acima dos 80 mil antes do início da guerra na Ucrânia. Em discurso, Biden disse que Putin acreditava que os membros da aliança se separariam depois da invasão à Ucrânia, mas o líder russo obteve a resposta oposta.
"Você vai conseguir a Otanização da Europa", disse Biden. "E isso é exatamente o que ele não queria, mas exatamente o que precisa ser feito para garantir a segurança da Europa."
A cúpula também aprovou o novo Conceito Estratégico da Otan, que define o conjunto de prioridades e objetivos da aliança uma vez por década. O último documento desse tipo, em 2010, chamava a Rússia de "parceiro estratégico". Agora, a Otan está acusando a Rússia de usar "coerção, subversão, agressão e anexação" para estender seu alcance.
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O documento de 2010 também não fazia menção à China, mas o novo aborda o crescente alcance econômico e militar de Pequim.
"A China não é nossa adversária, mas devemos estar atentos aos sérios desafios que ela representa", disse Stoltenberg na 4ªfeira (29.jun).
A Otan disse que a China "se esforça para subverter a ordem internacional baseada em regras, inclusive nos domínios espacial, cibernético e marítimo" e alertou sobre seus laços estreitos com Moscou. A aliança disse, no entanto, que permanece "aberta a um envolvimento construtivo" com Pequim.
A China acusou a aliança de "atacar e difamar maliciosamente" o país e reagiu dizendo que a Otan era uma fonte de instabilidade, prometendo defender seus interesses.
*Com informações da Associated Press