Agente da Fundação Casa entra em coma após ser espancado por internos
Funcionários denunciam a rotina de medo e violência dentro das unidades para jovens infratores em São Paulo
SBT Brasil
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, em coma, com um quadro grave de politraumatismo craniano. Aos 62 anos, 25 deles como funcionário da Fundação Casa de São Paulo, o marido da Ângela hoje, luta pela vida.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Nesta semana, o agente foi brutalmente espancado por um grupo de pelo menos sete internos. "Ele estava com a cabeça muito inchada, ensanguentada. Muita covardia, muita crueldade", conta a esposa. O caso foi registrado como tentativa de homicídio qualificado.
O boletim de ocorrência revela que os internos chutaram e pisaram na cabeça do agente que, depois de levar um golpe conhecido como "mata-leão", caiu desacordado. Ainda assim, os jovens tentaram quebrar uma lâmpada para matar a vítima com os cacos de vidro. Não satisfeitos, os adolescentes ainda arrancaram um cabo de energia para seguir com o espancamento. Um segundo agente, que tentou parar o linchamento, também foi agredido; mas, não teve ferimentos graves.
"É chocante ver uma pessoa que você ama, que você sabe que estava trabalhando, fazendo o serviço dele, ser agredido dessa forma", desabafa a mulher da vítima, que já havia sido agredido em outra ocasião.
Há dez anos trabalhando na Fundação Casa, um outro funcionário, que prefere não ser identificado, relata viver traumatizado com os constantes episódios de violência psicológica dentro da instituição. "A gente tem que suportar muitas ameças dentro da unidade. 'Vou te pegar lá fora, né? Dos três anos, não passam'. Já fiquei de refém, três vezes. Choro bastante", lembra o agente.
O Sindicato de Servidores da Fundação Casa de São Paulo explica que esse a rotina de violência gera um efeito em cadeia: a pressão e a falta de segurança deixam os funcionários doentes, e eles se afastam; o quadro reduzido de servidores faz com que os que estão na ativa fiquem ainda mais vulneráveis às agressões e ataques dos internos.
Dados da associação afirmam que 7 em cada 10 trabalhadores da instituição estão de licença médica. No momento em que o marido da Ângela foi espancado, por exemplo, havia apenas dois agentes na supervisão de 26 internos.
"Como que 1 olha 13? Poderia ter ocorrido algo pior. Está acontecendo em outros centros. Isso não foi um caso único, agora. Existem outras situações, em outros centros da Fundação Casa", alerta a presidente do sindicato da categoria, Cláudia Maria de Jesus.
Leia também:
+ Brasil pode recuperar parte da Floresta Amazônica, aponta estudo