Operação que terminou com morte de inocentes teve participação de 'ganso'
Homens de grupo de estande de tiros e escrivão participaram da ação policial em São Paulo
SBT Brasil
A desastrada operação da Polícia Civil de São Paulo que terminou com a morte de dois inocentes, em novembro do ano passado, é ainda mais grave do que parece. A Corregedoria descobriu que a ação teve a participação direta de homens armados que não são policiais, os chamados "gansos".
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A confissão foi feita pelo chefe dos investigadores do 24º distrito policial, Marcelo Roberto Ruggieri. Ele afirmou que integrantes do INDEP - Ronaldo, Evandro e Luís - já estavam na delegacia pouco antes de o grupo sair às ruas.
O INDEP é o Instituto Nacional de Defesa e Promoção à Pessoa, grupo que reúne frequentadores de estandes de tiros e possui até distintivo. Por ser registrado no Ministério da Justiça, o INDEP entende que pode até usar o nome do ministério.
O investigador disse que não autorizou o integrante a conduzir a viatura da Polícia Civil, mas que, no "momento de nervosismo", Ronaldo teria assumido o volante. Na operação, que buscava um ladrão, que teria atacado um policial, investigadores e "gansos" atiraram no carro do mecânico Guilherme Tibério Lima, de 25 anos. Ele havia saído para buscar uma receita médica para um parente e não teria parado o carro na barreira. Guilherme morreu dentro do veículo, e o primo dele, que também estava no carro, foi atingido de raspão e espancado.
Policiais disseram que o mecânico estava armado e garantem que encontraram uma pistola de brinquedo no carro dele. José Domingos dos Santos, de 62 anos, que recolhia material reciclado na ruas, levou um tiro na cabeça e morreu na hora. Um homem, que estava no ponto de ônibus, foi ferido no braço.
No depoimento, o chefe dos investigadores disse que depois das mortes, mandou que o escrivão, também participante irregular da barreira, e os membros do INDEP fossem retirados do local. Ainda segundo ele, apenas três policiais atiraram, mas, as imagens das câmeras de segurança já colocam esta versão em dúvida.
A advogada contratada pelos parentes do mecânico morto disse que vai buscar a punição dos envolvidos e a tentativa de diminuir os danos de uma perda sem volta. "A gravidade é justamente essa é ter pessoas que não são preparadas, não são qualificadas e nem tem essa atribuição em estar agindo em funções privativas da polícia. É uma atuação clandestina, não é uma atuação autorizada pelo estado. Eles são uma associação sem fins lucrativos que deveria promover ações sociais", pontuou.