Procon notifica Prevent Senior após denúncias de uso do "kit covid"
Operadora de saúde teria pressionado médicos para a fazer tratamento experimental em seus pacientes
O Procon-SP notificou a operadora de saúde Prevent Senior nesta 6ª feira (17.set) pedindo explicações sobre as denúncias de médicos sobre o suposto tratamento experimental em pacientes com o"kit covid", que contém diversos medicamentos sem eficácia contra a doença.
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De acordo com o órgão de defesa do consumidor, a empresa precisa explicar as alegações dos profissionais e apresentar a íntegra do estudo, além de "demonstrar sua conclusão e comprovar que os pacientes, ou seus responsáveis legais, foram alertados sobre os riscos do tratamento e concederam autorização para fazerem parte do estudo e passarem pelo tratamento".
O dossiê mostra que, em março de 2020, a Prevent Senior limitava o uso de Equipamentos de proteção individual (EPIs) no atendimento aos clientes para "facilitar a disseminação do vírus no ambiente intra-hospitalar para supostamente iniciar um protocolo de testes para tratamento da covid-19. Tal protocolo de testes teria sido acordado com o governo federal".
O teste "deveria comprovar a eficácia da combinação de cloroquina ou hidroxicloroquina com azitromicina no tratamento da covid-19" e contava com a seguinte orientação: "Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR sobre a medicação e nem sobre o programa".
Confira a nota do Procon na íntegra:
"Empresa deverá comprovar que pacientes autorizaram passar por tratamento experimental e que as autoridades sanitárias foram comunicadas.
O Procon-SP notificou hoje (17/9) a operadora de Saúde Prevent Senior pedindo explicações a respeito das denúncias sobre aplicação de tratamento experimental em seus pacientes e ocultação de informação de mortes em estudos para testar a eficácia do chamado kit covid, com medicamentos como cloroquina, ivermectina, azitromicina e sessões de ozonioterapia no tratamento da covid-19.
A empresa deverá apresentar a íntegra do estudo citado na denúncia, demonstrar sua conclusão e comprovar que os pacientes, ou seus responsáveis legais, foram alertados sobre os riscos do tratamento e concederam autorização para fazerem parte do estudo e passarem pelo tratamento.
O Procon-SP também quer que a operadora demonstre que comunicou previamente as autoridades sanitárias que os pacientes com covid-19 (ou com a suspeita da doença) seriam submetidos a esse procedimento.
Deverá também informar quantas pessoas foram submetidas ao tratamento, qual o período de duração do estudo e do tratamento, quantas pessoas morreram durante o estudo e quais as causas declaradas dos óbitos.
"A Prevent não pode adotar um tratamento ainda não cientificamente comprovado sem informar os pacientes de todos os riscos e da incerteza do prognóstico. Ao fazê-lo abusou da idade, inexperiência e falta de conhecimento do consumidor, deixando de passar informação essencial. Se de fato a empresa agiu deste modo, incorreu em prática abusiva", afirma Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP.
A empresa já recebeu a notificação e tem sete dias, a partir da próxima segunda-feira (20), para responder aos questionamentos."