ANALISE: A guerra da vacina, por Carlos Nascimento
Leia a análise do âncora do SBT Brasil sobre a polêmica da vacinação contra covid-19 no país
Publicidade
A campanha de vacinação no Brasil precisa ser unida, organizada e coordenada | Foto/Unsplash
O início da vacinação contra a Covid deveria ser um momento de paz, esperança e cidadania, mas vivemos um clima de conflito, improviso e ataques, com guerra declarada na televisão.
Em vez de resolvermos isso de comum acordo, União, estados e municípios, sob o comando da Saúde Pública, a vacinação foi parar nas mãos da Justiça antes de começar.
Até aqui, mérito aos que se protegeram e sorte daqueles que não se contaminaram, reagiram ao vírus ou se curaram.
Mas essas pessoas devem pensar nas outras, igualmente sujeitas às consequências da Covid 19. Em alguns dias ou horas chegaremos à marca de 200 mil mortos, o que corresponde à população de um município brasileiro de nível médio.
Que políticos briguem e tratem esse assunto como questão pessoal, eleitoral, ideológica e não de saúde pública já é um absurdo. Que parte dos brasileiros aja da mesma forma é um sinal de fraqueza e desunião entre nós.
No momento em que a desgraça dos outros se torna banal perdemos nossa maior força: a sensação de identidade, respeito e comunidade.
O que não significa que não devemos ser duros na cobrança de nossos direitos como cidadãos.
Por incrível que pareça ainda tem gente nas "redes sociais" espalhando Fake News para ridicularizar os que adoeceram ou morreram. É como se alguns de nós - ou muitos de nós - se imaginassem superiores aos demais.
Como não faltam valentões falando em "parar o País", na hora em que devemos estar a serviço de uma vacinação organizada, abrangente e eficiente.
Heróis são os milhares de profissionais da saúde e outros anônimos que há nove meses se revezam nos hospitais e unidades de atendimento para socorrer quem precisa. É nesses brasileiros que devemos nos espelhar e não naqueles que se propõem a azedar ainda mais o ambiente tenso em que vivemos.
Todos queremos trabalhar, ganhar a vida, estudar os filhos e nos divertir. É um direito que nos assiste e um dever dos governantes nos assegurar a paz social. Justamente por isso devemos valorizar um ambiente de entendimento, serenidade, colaboração e tolerância.
Como diziam nossos avós e bisavós que passaram por guerras, perseguições e revoluções : enquanto é tempo ponham água na fervura. Nenhuma vitória valerá a pena se desprezarmos quem mais precisa. O ódio não leva a nada, a não ser a mais ódio.
*O jornalista Carlos Nascimento é âncora do SBT Brasil
Publicidade