Moro rebate novos vazamentos sobre Lava Jato publicados na "Veja"
O ministro negou ter orientado a Força Tarefa a não aceitar a delação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
SBT News
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, voltou a questionar nesta sexta-feira (05) a autenticidade das conversas atribuídas a ele e aos procuradores da Lava Jato.
Ainda no mesmo dia, na edição deste fim de semana, a revista 'Veja', em parceria com o site 'The Intercept Brasil', publicou novas mensagens com supostas orientações do então juiz aos procuradores da Força-Tarefa de Curitiba.
Em uma das conversas, em 17 de dezembro de 2015, Sérgio Moro teria dito que precisava de uma manifestação do Ministério Público, no pedido de revogação da prisão preventiva do pecuarista José Carlos Bumlai, até o dia seguinte, ao meio dia.
Em seguida, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, teria respondido: "Ok, será feito".
Moro comentou sobre o assunto durante uma palestra organizada por uma corretora de investimentos em São Paulo e, sobre os novos díalogos vazados, afirmou que fez o pedido ao procurador por causa do recesso judiciário.
"Se aquela mensagem é autêntica o que eu teria pedido: olha, preciso da manifestação do MP para decidir revogação de prisão preventiva. É uma preocupação de decidir uma prisão preventiva rapidamente, antes do recesso do Judiciário", explicou o ministro.
Em outra conversa vazada, datada do dia 28 de abril de 2016, Dallagnol teria falado para a procuradora Laura Tessler: "Laura , no caso ZWI, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa, e se for por um lapso que não foi concluído, ele disse que vai receber amanhã e dá tempo. Só é bom avisar ele". Laura, então, responde: "Ih, vou ver".
Deltan Dallagnol se referia a Zwi Skornik, representante de um estaleiro acusado de pagar propina a Eduardo Musa, ex-diretor da Petrobras.
Sobre esse trecho divulgado, Sérgio Moro também se posicionou: "Relativamente a aquele fato, houve absolvição. Então, eu vou pedir para incluir parte na denúncia e depois absolve? Não é nem questão de parcialidade. É questão de esquizofrenia".
O ministro da Justiça também divulgou, ainda nesta sexta-feira (05), uma nota em que nega outros trechos da reportagem, como a suposta recusa de aceitar a delação premiada do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e de não encaminhar provas ao ministro Teori Zawaski, então relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que morreu em 2017.
O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, voltou a defender o ministro, e disse que os dois irão juntos ao Maracanã, no domingo (07), para assistir à final da Copa América entre Brasil e Peru. "Se a segurança deixar, irei com Sérgio Moro junto ao gramado e o povo vai dizer se nós estamos certos ou não".
Em meio à polêmica dos vazamentos de mensagens, a Ordem dos Advogados do Brasil entregou um ofício ao Conselho de Atividades Financeiras, o COAF, sobre a suposta solicitação de investigação, por parte da Polícia Federal, das movimentações financeiras do jornalista americano Glenn Greenwald, do site 'The Intercept Brasil'.
A OAB mostra preocupação com os riscos de violação de liberdades de expressão e de imprensa.