Bloqueios do exército de Maduro impedem circulação entre Brasil e Venezuela
O primeiro dia de bloqueio foi marcado por conflitos violentos entre civis e militares venezuelanos do outro lado da fronteira. Duas pessoas foram mortas e quinze ficaram feridas.
SBT News
Desde o fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela, determinada pelo presidente Nicolás Maduro, na última quinta-feira (22), o trânsito de veículos e pedestres entre os dois países segue interrompido.
A medida, porém, não impediu que dezenas de venezuelanos atravessassem para o lado brasileiro.
Preocupados com a falta de alimentos, de medicamentos e, até mesmo, de água que tem abatido a Venezuela, migrantes têm percorrido quilômetros de rotas alternativas que cruzam, em meio à mata, os limites entre as duas nações, até chegarem à cidade fronteiriça de Pacaraima, no estado de Roraima.
Uma rota perigosa e exaustiva, mas que, segundo depoimentos de venezuelanos que caminharam por cerca de dezoito horas até o Brasil, era vital de ser trilhada.
Até o momento, as trilhas, chamadas de "trincheiras", são também os únicos meios de retorno, inclusive para aqueles que ficaram presos do lado oposto da fronteira onde residem, desde que foi expedida a ordem de fechamento por Maduro.
Junto com migrantes exaustos pela longa jornada, chegam relatos de conflitos violentos entre civis e militares venezuelanos, que resultaram em inúmeras vítimas.
O único fluxo permitido pelo exército tem sido o de ambulâncias, que transportavam feridos para serem socorridos em hospitais de Pacaraima e Boa Vista.
Segundo a oposição ao regime de Nicolás Maduro, ao menos duas pessoas foram mortas e outras quinze ficaram feridas durante um confronto entre oficiais do exército da Venezuela e indígenas locais, em uma cidade que fica a setenta quilômetros da fronteira.
Do lado brasileiro, em Roraima, a perda dos consumidores venezuelanos que aquece o comércio local também tem preocupado os habitantes de Pacaraima. Teme-se ainda uma possível falta de energia e de combustíveis, recursos vindos do país vizinho.
Ainda nesta quinta-feira (22), em Brasília, o Presidente Jair Bolsonaro convocou uma reunião com Ministros e o Governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), que resultou na criação de um gabinete de crise para avaliar possíveis prejuízos causados pelo fechamento da fronteira.
Mais tarde, em um pronunciamento, o Porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que o governo brasileiro possui duzentas toneladas de suprimentos estocados para a ajuda humanitária à Venezuela, como arroz, feijão, café, leite em pó e kits de primeiros socorros.
Informou também que, até o momento, há somente um caminhão venezuelano em Boa Vista, Roraima, destinado ao transporte dos mantimentos.