Crise hídrica: seca severa castiga mais de mil cidades brasileiras
Dados do Cemaden, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apontam que a situação pode piorar
Yaly Pozza
A falta de chuvas e as altas temperaturas fazem com que o Brasil viva uma crise climática sem precedentes. De acordo com dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o país tem 1.095 cidades sofrendo com secas severas ou extremas.
O que se vê como consequência é um número recorde de queimadas, baixa de rios e tempo seco, que impactam todo o ecossistema nacional.
No último mês de junho, o Pantanal teve a maior média de área queimada desde 2012, revelam dados do governo federal. O fogo consumiu mais de 411 mil hectares do bioma em apenas 30 dias. A média para a mesma época do ano é de pouco mais de oito mil hectares. No acumulado de 2024, são quase 800 mil hectares devastados.
Enquanto isso, a Amazônia sofre com a baixas dos rios. O Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA) alerta que o nível da água no porto de Manaus chegou a 14,75m, o menor já registrado desde 1902.
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No Amazonas, em 2023, o Lago Tefé, no Médio Solimões, chegou a secar 75%, o que significou uma redução de praticamente 30 cm por dia. Em outras regiões, chegou a 90%.
Para os meses de julho, agosto e setembro deste ano, a situação pode piorar. De acordo com o Cemaden, há boas chances de a seca se intensificar nos estados das regiões Norte, Centro Oeste e Sudeste e as condições de seca extrema observadas no Estado de São Paulo, em regiões pontuais do Mato Grosso, na divisa do Pará com Tocantins, Minas Gerais e Paraná.
A unidade de pesquisa ainda aponta número de municípios e classifica a situação de seca em quatro escalas:
- Extrema - 70 munícipios;
- Severa - 1025 municípios;
- Moderada - 1378 municípios
- Fraca - 1114 municípios
Para calcular o impacto dessa seca nas bacias hidrográficas ligadas às usinas hidrelétricas do país é utilizado o Índice Padronizado Bivariado precipitação-vazão (TSI), que mostra a classificação dessas reservas hídricas e faz um comparativo com informações de meses anteriores. Boa parte das regiões sofre com seca extrema ou severa.
Sudeste
- Sistema Cantareira, principal sistema de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, classificado em seca severa, está estável se comprado ao mês anterior.
- Furnas e Três Marias encerraram o mês de junho classificadas em seca severa. Em Furnas, ocorreu intensificação da seca hidrológica comparativamente a maio, em que era moderada.
- Capivara, Itaipu e Rosana - a bacia hidrográfica do rio Paraná, localizada entre as regiões Sudeste e Sul do país, apresentou uma intensificação da seca nas três unidades, que passaram de severa para extrema, de extrema para excepcional e de severa para extrema, respectivamente.
Centro-Oeste
- Serra da Mesa - a bacia afluente (Rio Tocantins) encontra-se em condição de seca de intensidade severa
- Ladário e Porto Murtinho, localizadas às margens do rio Paraguai, continuam em condição de seca hidrológica excepcional.
Norte
- Santo Antônio, abastecida pela bacia do rio Madeira, apresenta situação crítica, mantendo a mesma classificação do mês anterior - seca excepcional.
Belo Monte, da bacia do rio Xingú, apresentou agravamento na situação de seca, passou de sevara para extrema.
Sul
Todas as bacias afluentes à hidroelétricas Segredo, Barra Grande, Passo Real, Foz do Chapecó e Salto Santiago estão em situações de normalidade e encontram-se estáveis, se comparados dados do mês anterior.