Brasil registrou aumento de 119% de áreas atingidas pelo fogo no primeiro semestre de 2024, diz MapBiomas
Ao todo, 4,48 milhões de hectares foram queimados entre janeiro e junho deste ano
No Brasil, a área atingida pelas queimadas mais que dobrou. Dados levantados pelo Monitor do Fogo do MapBiomas mostram que o fogo atingiu 4,48 milhões de hectares de terra do país entre janeiro e junho deste ano. Em comparação com o mesmo período de 2023, o aumento foi de 119%.
Segundo o MapBiomas, desse total, 78% dos incêndios foram em vegetação nativa. Entre os biomas, a Amazônia registrou a maior área queimada, com 2,97 milhões de hectares. Já o Cerrado foi o segundo bioma mais atingido pelas chamas, com 947 mil hectares queimados.
Em junho, as áreas de vegetação natural foram as que mais registraram queimadas, com 534 mil hectares. Vale destacar que o estudo é produzido a partir de monitoramento por imagens de satélites e processamento de dados com uso de inteligência artificial.
Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo, explica que o fogo se concentrou no Cerrado e no Pantanal devido a falta de chuva e o aumento da temperatura nas regiões. “No Cerrado, é comum queimar mais durante esta época por causa da estiagem, porém a área queimada no primeiro semestre no bioma foi a maior dos últimos seis anos monitorados. Já no Pantanal, a temporada de fogo começou mais cedo do que o esperado, intensificando os desafios para a gestão do fogo”, diz a pesquisadora.
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No primeiro semestre deste ano, os três estados com mais áreas queimadas no país foram: Roraima, Pará e Mato Grosso do Sul. Juntos, eles representam 67% do total da área afetada pelas chamas no semestre.
- Roraima teve 2 milhões de hectares queimados;
- Pará teve 535 mil hectares atingidos pelas chamas;
- Mato Grosso do Sul teve 470 mil hectares queimados.
“No início de 2024, observamos uma concentração significativa de incêndios na Amazônia, especialmente nas áreas de vegetação campestre de Roraima. Este estado, diferentemente do restante do bioma, enfrenta um período de seca nos primeiros meses do ano. Esse fenômeno foi intensificado pelas condições climáticas mais secas resultantes do El Niño, criando um ambiente propício para o alastramento do fogo, com desafios adicionais de controle e mitigação”, explica Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM responsável pelo mapeamento da Amazônia no Monitor do Fogo.
Pantanal
Em 2024, o Pantanal registrou a maior área queimada já observada pelo MapBiomas. Somente nos primeiros seis meses do ano, 468 mil hectares pegaram fogo. A maior parte dos incêndios florestais aconteceram em junho: 370 mil hectares, o equivalente a 79% do total.
Na região, uma das áreas mais afetadas pelo fogo foi nas proximidades da cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados apenas no mês passado.
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No primeiro semestre de 2024, a área queimada no bioma subiu 529%. Foram 394 mil hectares a mais em comparação à média histórica dos cinco anos anteriores.