Lula diz que espera "construir tranquilidade" com trocas na Esplanada
Em Bruxelas, presidente comenta possível reforma ministerial, mas critica pressa nas escolhas
O presidente Lula admitiu uma possível reforma ministerial no segundo semestre, para "construir tranquilidade no Congresso", mas ressaltou que as escolhas devem partir dele.
"Obviamente que, na medida em que tenha partidos que queiram participar da base, nós temos interesse em trazer esses partidos para dar tranquilidade a nossa governança no Congresso, mas quem discute ministro é presidente da República. Não é partido que pede ministério, é o presidente que oferece", disse.
A declaração foi dada a jornalistas em Bruxelas, capital da Bélgica, onde Lula participou da cúpula entre países da União Europeia e da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).
Lula criticou a voracidade dos partidos por uma uma fatia da Esplanada e a pressa dos líderes. "Líderes são mais motivados porque estão na linha de fogo todo dia no Congresso. Compreendo isso. Mas a gente não pode ir com muita sede ao pote, tem que ir devagar. Fazer acordo maduro, duradouro e que permita fazer as coisas certas", afirmou.
Na entrevista em Bruxelas, o presidente também descartou a troca de Rui Costa, da Casa Civil para a Petrobras, uma das mudanças sugeridas nos bastidores de Brasília.
A reforma ministerial indica que o governo se preocupa com futuras votações no Congresso e quer manter o apoio conquistado na análise de projetos importantes, como a Reforma Tributária. Lula declarou ter ficado "muito feliz" com a aprovação da reforma e do projeto de lei do Carf.
Conversas com o "Centrão"
Nesta 5ª feira (18.jul), o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) recebeu políticos do PP e Republicanos, partidos que compõe o chamado Centrão. O líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA), cotado para assumir a pasta do Desenvolvimento Social, hoje do PT, e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), cotado para substitutir Ana Moser (sem partido) no ministério do Esporte, conversaram com Padilha.
Logo depois, em entrevista a jornalistas, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), confirmou a negociação. "A tese de incorporar esses partidos no governo já está consolidado. Igualmente esses nomes que surgiram na imprensa que foram indicações dos partidos", afirmou Guimarães.
Nesta 3ª feira (18.jul), em entrevista à Globonews, o novo ministro do Turismo, Celso Sabino afirmou que o "Centrão" está virando "expressão positiva".
"Em relação aos votos na Câmara, acredito que o União Brasil, Republicanos, PP e outros partidos chamados de Centrão.... Antes, falar Centrão era uma coisa até ruim. Hoje em dia, todo mundo já quase quer ser do Centrão. Está virando já uma expressão positiva, que representa ponderação, um pêndulo de uma balança. Esses partidos têm dado os votos necessários naqueles projetos que entendem que são importantes para o Brasil", disse Sabino.
Celso Sabino substituiu Daniela Carneiro, ambos do União Brasil, na última semana, depois de intensa pressão do partido pela troca. O ministro defendeu que possíveis mudanças nos Correios e Embratur sejam discutidas por Lula e lideranças partidárias.