Haddad diz que debater taxa de juros não é afronta ao Banco Central
Ministro da Fazenda afirmou ainda que o Brasil tem a "obrigação" de crescer acima da média mundial
José Luiz Filho
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta 6ª feira (19.mai) que debater a taxa de juros no Brasil não significa afrontar o Banco Central (BC). A declaração foi dada durante evento da instituição, que reuniu economistas e autoridades monetárias de vários países do mundo, em São Paulo.
Ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Haddad afirmou que, apesar das críticas, a equipe econômica do governo e o BC trabalham em harmonia.
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"Temos de compreender que discutir política monetária não é afrontar a autoridade monetária. Muito pelo contrário. Política fiscal e política monetária não são braços de organismos diferentes; têm que trabalhar em harmonia, têm que concorrer para os mesmos objetivos", ponderou Haddad.
Fernando Haddad disse ainda que o Brasil tem condições e obrigação de crescer mais que outros países. "O Brasil vem experimentando uma condição em que as taxas de inflação se reduzem, projeções de crescimento são revistas para cima. O Brasil tem obrigado de perseguir taxas superiores à média mundial, dado o seu potencial em relação a recursos naturais, humanos, tecnologia nacional, e sabemos que temos muito trabalho para que isso volte a ser possível", argumentou o ministro.
O chefe da Fazenda, porém, não deixou de criticar a política de juros do Banco Central. Haddad comparou a manutenção da Selic em um patamar elevado, medida considerada eficaz por economistas para conter a inflação, a um tratamento de saúde com doses de antibióticos.
"Sempre lembro também a observação que não pode tomar duas cartelas de antibiótico. Tem que tomar a medida certa para que a economia consiga se reajustar, do ponto de vista macroeconômico, e garantir as condições de crescimento sustentável", observou Haddad.
Ao discursar em inglês, no fim do seminário, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, sem se referir diretamente ao ministro Fernando Haddad, que enquanto as pessoas falam em queda de juros, é preciso focar em reformas estruturais.
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