Gleisi volta a criticar Banco Central: "Corrobora com a mentira"
Em celebração dos 43 anos do PT, presidente da sigla pediu mudança a Lula e disse que mercado é "antiquado"
A cerimônia no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, reuniu ministros do governo, parlamentares, prefeitos, governadores e militantes de todos os estados brasileiros, além de lideranças de partidos da coligação, como do PV e do PCdoB. Entre os convidados ilustres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-presidente Dilma Rousseff e a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A presidente nacional da legenda, que nesta 2ª feira (13.fev) teve o mandato renovado da direção nacional e das direções estaduais do PT pelos próximos dois anos, falou sobre a história do Partido dos Trabalhadores e condenou os atos golpistas do último dia 8 de janeiro. "Os que atentaram contra a democracia, contra o povo e o país, desde antes do infame dia 8 de janeiro, hão de responder por seus crimes para que não voltem a repeti-los. É sem anistia!", disse sob aplausos.
"O PT é fruto da consciência política da classe trabalhadora brasileira e dos que sempre foram excluídos ao longo da história", afirmou Gleisi.
Críticas ao BC
Gleisi aproveitou o evento para voltar a criticar a política de juros do Banco Central. Ao chamar o mercado financeiro de "antiquado e atrasado", a petista disse ainda que a legenda precisa perder o medo de debater política econômica.
"Presidente [Lula], está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata, dos ricos deste país, de que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB. Ainda temos as reservas internacionais deixadas pelo PT", declarou Gleisi. "E o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro, corrobora com a mentira e faz um arrocho de juros elevados. Isso tem que mudar. Temos um mercado antiquado, atrasado que não percebeu ainda as mudanças internacionais", emendou.
Ovacionada pela plateia, a ex-presidente Dilma Rousseff também discursou. Falou sobre coragem, da força do partido e da resistência dos militantes. "Ter coragem é condição essencial não só para sobreviver mas para transformar, para mudar e enfrentrar a diversidade", disse Dilma. "Quando eu saí do Planalto e do Alvorada eu disse: Nós voltaremos", completou.
Dilma falou sobre democracia e dos ideiais do partido na defesa dos direitos sociais e da transformação do país. "A democracia do mundo passa por uma crise, ela afeta todas as instituições e inclusive os partidos políticos. E os partidos têm sido afetados pela crise de representatividade de soberania popular nas maiores democracias do mundo", frisou. No entanto, Dilma ressaltou que o PT se mantém firme no propósito desde a fundação da legenda. "Um partido comprometido com os ideias de transformações e luta pela igualdade de raça, gênero, pelo fim de todas as fobias e a população trans", elencou.
Choro e defesa da democracia
Bastante emocionado, Lula chorou. Lembrou da trajetória à frente do partido, defendeu o fortalecimento da esquerda e da legenda. Pontuou que o PT é o partido mais relevante da esquerda na América Latina.
"A razão da nossa existência é levantar e melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Não é viver bem, é repartir. Felicidade, ou a gente reparte ou a gente perde. Não é possível ser feliz sozinho", defendeu.
O presidente ainda discursou sobre o fim do ódio e da intolerância. "Nós temos que fazer com que as pessoas que pregam o ódio, que essas pessoas sejam isoladas da sociedade brasileira, porque a sociedade brasileira não é assim, não pensa assim e não quer isso". afirmou Lula.
Sem citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista alfinetou: "Vamos brigar para que nunca mais um genocida ganhe as eleições com base na mentira", disse.
Jantar do PT
Dentro das comemorações pelos 43 anos, o PT fará também em Brasília um jantar de arrecadação de fundos. O evento está previsto para 3ª feira (14.fev), e contará com 300 convidados -- os convites foram vendidos em valores que vão de R$ 500 a R$ 20 mil.