Publicidade

Dino: PF apurará se houve desvio de verba pública destinada à saúde indígena

Ministro determinou abertura de inquérito devido à crise social no território Yanomami em Roraima

Dino: PF apurará se houve desvio de verba pública destinada à saúde indígena
Flávio Dino concedeu coletiva de imprensa junto a Sheila de Carvalho (Reprodução/YouTube)
Publicidade

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que o inquérito da Polícia Federal (PF) anunciado pela pasta no sábado (21.jan) apurará eventual cometimento não apenas do crime de genocídio e de delitos ambientais no território do povo Yanomami, em Roraima, mas também de omissão de socorro aos yanomamis vivendo no local e outros.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

"Porque há inclusive denúncias que nós elencamos no ofício relativos a supostos atos de peculato, corrupção, desvio de verba pública destinada à saúde indígena", complementou o ministro. O documento ao qual se referiu foi enviado nesta 2ª feira (23.jan) à PF e trata-se da ordem de Dino para a corporação abrir o inquérito.

Segundo o ministro, nesta semana, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, designará os delegados que ficarão responsáveis pela investigação e vai instaurá-la. As declarações foram feitas em coletiva de imprensa concedida, junto à presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Sheila de Carvalho, pouco depois do término da cerimônia de lançamento do Programa de Atenção e Aceleração de Políticas de Refúgio para Pessoas Afrodescendentes e criação do Observatório Moïse Kabagambe.

O ministro da Justiça e Segurança pública afirmou não ter qualquer dúvida técnica "de que há indícios fortíssimos de materialidade do crime de genocídio" contra o povo Yanomami em Roraima. 

"Há denúncias de cerca de 500 crianças que morreram nos últimos anos em áreas indígenas [yanomamis, no estado]. E isso é revelador por si só de uma situação, primeiro, tendente a configuração de genocídio, porque genocídio em termos legais não é apenas matar. Violar a integridade física também é uma forma de genocídio. Violar a integridade mental, dignidade da pessoa, também é uma forma legal da prática. E mais, o que a lei brasileira do genocídio trata é que também quando você busca, com medidas comissivas ou omissivas, ou seja, ações, omissões, levar ao extermínio progressivo de um povo. Ora, assassinar as crianças é uma forma óbvia de conduzir o extermínio de um povo", pontuou.

A possível omissão de socorro a ser apurada pela PF, falou o ministro, teria ocorrido na medida em que há o abandono daqueles yanomamis. "E há denúncias de que os recursos públicos federais, ao longo dos anos, destinados à saúde indígena, não estariam sendo corretamente empregados", complementou. Dino visitou Roraima no último sábado (21.jan), junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), devido à crise encontrada no território do povo Yanomami. Na ocasião, disse na coletiva desta 2ª, os integrantes do Governo Federal viram existir "um desmonte das estruturas de atendimento aos indígenas, eles próprios relatam isso. Nós estamos nos referindo, portanto, a milhões de reais que são alocados para essa atividade, mas que não encontraram a eficácia".

Dimensões

O Ministério da Justiça e Segurança Pública trabalhará em três eixos em relação à crise no território Yanomami. O primeiro é o atendimento dos indígenas migrantes e refugiados venezuelanos que se encontram no local, continuidade ou não da Operação Acolhida e em que termos. O segundo é a desintrusão de garimpeiros ilegais em terras indígenas. E o terceiro é a apuração dos crimes. "Quais os crimes possíveis? Genocídio, crimes ambientais, omissão de socorro, peculato, corrupção - no que se refere a recursos públicos. Que irresponsavelmente agentes políticos, agentes públicos no passado fomentaram e agora tentam minimizar, e isto é uma revitimização cruel e inaceitável", falou Dino.

A Polícia Federal, disse, já deu início ao planejamento para o cumprimento das decisões judiciais de desintrusão das terras indígenas yanomamis em Roraima invadidas por garimpo ilegal. A operação é considerada "bastante complexa" pelo ministro, do ponto de vista policial e social, porque haveria em torno de 15 mil garimpeiros ilegais no local. Porém, ele garantiu que "será feita".

O ministro afirmou que, acompanhando Lula na visita no sábado, ouviu de todos os líderes indígenas com quem se reuniu que o garimpo ilegal é um "ensejador em larga medida" da crise social e de saúde no território Yanomami.

Comando do Exército

Outro tema abordado pelo ministro da coletiva foi a troca do comandante do Exército. O general Tomás Ribeiro Miguel Paiva substituiu Júlio César de Arruda no posto. Dino afirmou crer que a mudança "põe um ponto final nesse tema relativo ao dia 8 de janeiro no que se refere a relação as instituições militares e as instituições civis". "E acredito que a tendência, portanto, é de normalização desse relacionamento que é muito bom para o Brasil. Porque precisamos trabalhar unidos em favor eh da nossa nação. Precisamos trabalhar, produzir, ter paz social e acho que esse diálogo entre as instituições militares e civis vai doravante fluir em condições boas. É algo que, particularmente no que se refere ao Ministério da Justiça., nós desejamos, tenho certeza que esse também é o desejo do ministro Múcio [da Defesa]", acrescentou.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
sbtnews
governo
flávio dino
policia
polícia federal
inquérito
investigação
crimes
yanomami
povo indígena
roraima
genocídio
crise social
coletiva
corrupção
socorro
migrantes
refugiados
desintrusão
garimpo ilegal
comando
exército
guilherme-r

Últimas notícias

Primeira-dama de João Pessoa e assessora chegam ao presídio após justiça manter prisões

Primeira-dama de João Pessoa e assessora chegam ao presídio após justiça manter prisões

As duas foram presas na manhã deste sábado (28) na terceira fase da Operação Território Livre
Crime bárbaro: Homem que matou a irmã por disputa de herança se entrega à polícia em SC

Crime bárbaro: Homem que matou a irmã por disputa de herança se entrega à polícia em SC

Vítima estava grávida; irmãos tinham desavença há anos
Mauro Vieira e chanceler do Líbano conversam sobre situação de brasileiros no país em meio a ataques de Israel

Mauro Vieira e chanceler do Líbano conversam sobre situação de brasileiros no país em meio a ataques de Israel

Ministro das Relações Exteriores teve reunião com Abdallah Bou Habib em Nova York (EUA), neste sábado (28)
Servidor da Universidade Federal do Amazonas é preso por ameaçar mulheres no ambiente de trabalho

Servidor da Universidade Federal do Amazonas é preso por ameaçar mulheres no ambiente de trabalho

Segundo a Polícia Federal, responsável pela prisão, homem chegou a mandar mensagens intimidadoras e até imagens de arma e facões a colegas e superiores
Furacão Helene deixa pelo menos 52 mortos e devasta regiões no sudeste dos Estados Unidos

Furacão Helene deixa pelo menos 52 mortos e devasta regiões no sudeste dos Estados Unidos

Milhões de pessoas estão sem luz, casas e prédios foram destruídos, cidades estão ilhadas e pacientes de hospitais tiveram que ser resgatados por helicópteros
Falso motorista de app que usava carro com placa adulterada de veículo oficial é preso em área nobre do DF

Falso motorista de app que usava carro com placa adulterada de veículo oficial é preso em área nobre do DF

Suspeito transportava executivos em Brasília; veículo exibia até equipamentos luminosos semelhantes aos de viaturas policiais e símbolo do Brasão da República
Finalistas de prêmio da foto mais cômica da natureza são anunciados

Finalistas de prêmio da foto mais cômica da natureza são anunciados

Ursos se abraçando, discussão entre leões e gangue de pinguins são algumas das fotografias selecionadas
Polícia Rodoviária Federal faz apreensão recorde de 28 toneladas de maconha no Mato Grosso do Sul

Polícia Rodoviária Federal faz apreensão recorde de 28 toneladas de maconha no Mato Grosso do Sul

Droga estava escondida em carreta de milho, no município de Amambai; essa foi a maior apreensão de maconha feita pela PRF em 2024
Exército de Israel afirma ter matado líder do Hamas no sul da Síria

Exército de Israel afirma ter matado líder do Hamas no sul da Síria

Ahmad Muhammad Fahd era responsável pelas operações do grupo extremista palestino na região
Bets: ministérios vão avaliar impactos de apostas online na saúde mental de brasileiros

Bets: ministérios vão avaliar impactos de apostas online na saúde mental de brasileiros

Secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, disse à Agência Brasil que trabalho deve envolver pasta da Saúde
Publicidade
Publicidade