Empresas brasileiras antecipam exportações aos EUA para evitar tarifa de 50% imposta por Trump
Nova taxação pode causar corte de 146 mil empregos e impactar o PIB em até R$ 110 bilhões nos próximos anos

Eduardo Pinzon
Empresas brasileiras estão antecipando o envio de produtos aos Estados Unidos para evitar a nova tarifa de 50% anunciada pelo governo Donald Trump. A medida pode gerar forte impacto na economia brasileira, com a perda de até 146 mil postos de trabalho e um prejuízo de R$ 110 bilhões no médio prazo.
Nesta semana, um avião cargueiro decolou do aeroporto de Porto Alegre com 51 toneladas de mercadorias, entre calçados, itens de couro e vestuário, produzidos nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Apesar da movimentação antecipada, empresas já começaram a cancelar futuros embarques. As pequenas remessas devem continuar até o fim da isenção para cargas de até 800 dólares, válida até o final de agosto. A preocupação do setor é com o aumento dos preços e a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.
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O economista Adalmir Marghetti avalia que a taxa elevada pode inviabilizar as exportações para os Estados Unidos.
“Com uma taxa elevada de 50%, dificilmente vão conseguir exportar para os Estados Unidos, a não ser que encontrem algumas brechas. Na própria legislação americana, existem algumas possibilidades de conseguir algumas brechas. Mas o caminho fundamental é buscar novas parcerias e encontrar novos compradores para os seus produtos”, afirmou.
Segundo levantamento da Federação das Indústrias de Minas Gerais, o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode alcançar R$ 25,8 bilhões a curto prazo. Caso o tarifaço seja mantido, o prejuízo pode atingir R$ 110 bilhões nos próximos anos.
Além disso, a renda das famílias também deve cair. Em até dois anos, a redução pode ser de quase R$ 2,74 bilhões. A estimativa é de corte de até 146 mil empregos, formais e informais.
Marghetti alerta que algumas regiões podem sentir os efeitos com mais intensidade: “certamente essas empresas vão ter dificuldades. Alguns municípios onde essas empresas estão localizadas também vão sofrer dificuldades. Vai haver um aumento de desemprego nessas cidades. Se em termos do país como um todo, o impacto não vai ser muito significativo, para determinadas regiões, cidades e empresas, esse impacto vai ser bastante significativo”.
Os setores mais atingidos são siderurgia, produção de calçados, móveis, máquinas e agropecuária. No campo, a preocupação é com a pecuária, já que a carne brasileira ficou fora da lista de isenções, assim como o tabaco. Só no primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou 19 mil toneladas de tabaco para os Estados Unidos.
O presidente do Sindicato da Indústria do Tabaco, Valmor Thesing, defende uma saída diplomática: “a maior preocupação é perder os Estados Unidos como esse importante mercado para o tabaco brasileiro, pois os Estados Unidos é o terceiro maior destino do tabaco brasileiro”.