Após negociação com líderes, Motta consegue abrir trabalhos na Câmara e driblar obstrução
Depois de ameaçar suspender deputados que ocupavam plenário, presidente da Câmara senta na cadeira da presidência e abre sessão com discurso sobre respeito

Marcela Guimarães
Após horas de negociações com líderes de partidos, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), conseguiu uma trégua na ocupação do plenário da Casa e retomou a sua cadeira para abertura dos trabalhos, nesta quarta-feira (6), na volta do recesso parlamentar.
Motta convocou, mais cedo, uma sessão para as 20h30, em meio ao protesto de parlamentares da oposição que ocupam os plenários da Câmara e do Senado desde terça-feira (5). O presidente da Câmara chegou a advertir os deputados que fazem obstrução que poderiam ser punidos com uma "suspensão cautelar do exercício do mandato parlamentar". A medida foi comunicada por meio de nota da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara.
Pouco depois das 22h30, após muito tumulto, Motta conseguiu abrir a sessão e discursar, cercado por parlamentares que apoiam Jair Bolsonaro e se negaram a desocupar a mesa diretora da casa. Os apoiadores do ex-presidente exigem que Motta paute a votação do projeto que anistia o Bolsonaro e outros presos pela invasão dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, ou que respondem a processo por tentativa de golpe de Estado

Em discurso, Motta pediu "respeitabilidade", independente das pautas dividem os parlamentares. "Essa sempre será a casa do debate", disse o deputado.
O presidente da Câmara também exaltou que uma "série de acontecimentos recentes" levou a um sentimento de ebulição entre os deputados. "Não estamos vivendo tempos normais", afirmou. No entanto, ponderou que não se pode negociar a democracia.
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Motta prometeu dialogar qualquer pauta, seja de direita ou esquerda, "sem inflexão", reforçando que apenas o diálogo trará luz para o momento que o país vive. "A oposição precisa respeitar o regimento", enfatizou, em mensagem direta aos deputados bolsonaristas.
O presidente da Câmara prometeu marcar uma sessão deliberativa extraordinária, com data e horário e ordem do dia a serem divulgados posteriormente, seguindo o regimento da Casa.
Após as falas de Motta, a sessão foi encerrada sob o coro de governistas que diziam "anistia, não!".