Ministro da Defesa diz acreditar que acampamentos bolsonaristas vão "se esvair"
José Múcio chamou as reuniões de "manifestação da democracia"
SBT News
O novo ministro da Defesa, José Múcio, afirmou nesta 2ª feira (2.jan) acreditar que os acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis do Exército vão "se esvair", ou seja, acabar naturalmente. A declaração foi dada em entrevista a jornalistas.
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"Eu falo assim com muita autoridade, que eu tenho parentes lá [em acampamentos]. Dos de Recife, tenho alguns amigos aqui [em Brasília]. É uma manifestação da democracia. A gente tem que entender que nem todos os adversários são inimigos, a gente tem até inimigos correligionários. Acho que aquilo aos pouquinhos vai se esvair e chegar para o lugar que todos nós queremos", pontuou Múcio.
Ainda de acordo com ele, o Ministério da Defesa vai analisar os acampamentos caso a caso e não colocará um prazo para serem encerrados se não estiverem atrapalhando a dinâmica da cidade. "Evidentemente que ali no meio tem gente que não está fazendo política nem está protestando. Eu ia lá todo dia, como cidadão, dirigindo, passava por lá, e a gente via que ali tinha outras pessoas que não tinham interesse político nem estavam fazendo nenhum tipo de protesto", complementou.
George Washington de Oliveira Sousa, acusado de instalar uma bomba no caminhão próximo ao Aeroporto de Brasília e, a partir disso, tentar praticar um atentando na cidade é bolsonarista e depôs à Polícia Civil que o plano terrorista foi elaborado no acampamento em frente ao QG na capital federal. De acordo com Múcio, entretanto, esse tipo de caso é isolado e, assim, é preciso ter cuidado para, em nome dele, não "condenar os que são pacíficos". "Aquele que estava planejando atentando no aeroporto foi preso, vai sofrer processo e vai ser responsabilizado pelo dano que fez. E se você for ver a história do mundo, tem até chamam de lobos solitários esses cidadãos que sozinhos e irresponsavelmente resolvem fazer história por conta própria".
Tranquilidade na posse
Outro assunto abordado por Múcio na entrevista foi a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente e Geraldo Alckmin (PSB) como vice, ocorrida no domingo (1º.jan). Ele disse achar que "nunca antes na história desse país nós tivemos uma posse tão tranquila, tão alegre". "Cada um respeitou os seus espaços, quem era contra, quem era a favor".
Escolha dos comandantes
Múcio ainda explicou o que motivou a escolha, por ele, dos novos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. No passado, segundo o ministro, sempre a opção era pelos integrantes mais antigos e, dessa vez, retomou a prática: "Eu fui na internet, vi quem eram os mais antigos, telefonei para os mais antigos, eles viraram comandantes. Quem foi primeiro, veio ser comandante, o segundo virou primeiro, o terceiro virou segundo".
Lula, em suas palavras também, "terá um diálogo fraterno e franco com os comandados que ele escolheu para o governo dele". Questionado sobre o que o presidente lhe pediu para ser feito no Ministério da Defesa, afirmou que, a princípio, não entendeu o convite para ser o titular da pasta, mas, por causa "das questões políticas, das querelas, das coisas que estavam precisando de diálogo", entendeu posteriormente "que estavam precisando de diálogo". "Eu entendi que ele precisava de uma pessoa que tivesse a disponibilidade de conversar que eu tenho sempre. Eu acho sempre que as pessoas têm o direito de ponderar, de ser contra. O que a gente precisa, realmente, é defender o direito de você pensar diferente de mim".
Projetos
Múcio prometeu manter todos os projetos em curso nas Forças Armadas. "Vai trazer alguma inovação? Não, primeiro a gente vai dar continuidade ao que está aí. Evidentemente que a gente está com dificuldade de recurso, mas nós vamos trabalhar para que eles sejam investidos os recursos necessários", completou.
Em relação à Estratégia Nacional de Defesa (END), afirmou que o ministério discutirá com a academia a formulação dela. "Eles reclamaram porque não foi discutido, vamos discutir. Evidentemente que nós não vamos estimular que se mexa no que está dando certo", ressaltou.