PEC da Transição: "Falta entendimento entre lideranças", diz relator
Equipe de Lula encontra dificuldades para aprovar texto no Senado
Bruna Yamaguti
O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator-geral do Orçamento, disse, nesta 6ª feira (25.nov), que não acredita em falta de articulação política para fechar o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e, sim, em falta de entendimento entre as lideranças do Senado.
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"Falta entendimento entre as lideranças", afirmou, em conversa com jornalistas em Teresina, no Piauí. "A verdade é que esse orçamento que está hoje no Congresso Nacional é inexequível. O que eu tenho dito é que qualquer que fosse o presidente da República eleito, qualquer um, nós estaríamos hoje tratando de fazer uma PEC, porque o orçamento que está não dá para funcionar", acrescentou o senador.
As dificuldades para avançar com a PEC que garantiria o pagamento dos R$ 600 do Bolsa Família em 2023 foram confirmadas pela equipe do governo Lula na 5ª feira (24.nov). A principal negociadora da medida, deputada Gleisi Hoffmann (PT-RS), admitiu estar lidando com desacordos para levar as demandas adiante. O movimento reforça um descontentamento já sinalizado nos bastidores da Casa Legislativa, mesmo entre senadores considerados neutros entre o governo Bolsonaro e o futuro governo petista.
"Falta muita coisa para ajustar, mas tudo o que falta tem um limite. Nós não podemos ultrapassar a próxima semana sem votar essa PEC no Senado. O Orçamento que eu vou relatar vai estar na dependência dessa PEC, se ela foi aprovada, se não foi, e em que termos ela foi aprovada. Então quem mais precisa que a PEC seja aprovada sou eu e o Lula, porque o Lula não tem condições de administrar com o orçamento que está aí", declarou Castro.
Internamente, senadores têm questionado pedidos para deixar benefícios sociais de fora do Teto de Gastos por mais de quatro anos. A reclamação foi feita, inclusive, por parlamentares que, apesar de não serem favoráveis ao PT, não são bolsonaristas.
Paralelo às dificuldades no Senado, as negociações na Câmara se mostram mais promisoras. Na Casa, a situação está mais fácil pela sinalização de que o PT não irá se opor -- e provavelmente irá apoiar -- a reeleição do atual presidente, Arthur Lira (PP-PI).