Lula diz que papel dos militares nas eleições teve "resultado humilhante"
Para o petista, Bolsonaro deve desculpas aos militares por envolvê-los em fiscalização
Em discurso nesta 5ª feira (10.nov), no Centro Cultural Banco do Brasil, onde funciona o gabinete de transição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "o papel das Forças Armadas na fiscalização das urnas eletrônicas foi deplorável e o resultado, humilhante".
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Diante de centanas de aliados, Lula disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria pedir desculpas às Forças Armadas por "ter usados os militares em uma série de mentiras e insinuações sem provas", afirmou.
"Ontem [4ª feira] aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas: um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do congresso nacional", disse o petista.
E continuou dizendo que "o resultado foi humilhante". "Eu não sei se o presidente está doente, mas ele tem a obrigação de vir à televisão e pedir desculpas para a sociedade brasileira e pedir desculpas às Forças Armadas, por ter usado as Forças Armadas, que é uma instituição séria, que é uma garantia para o povo brasileiro contra possíveis inimigos externos, fosse humilhada, apresentando um relatório que não diz nada, nada, absolutamente nada daquilo que ele durante tanto tempo acusou", declarou.
O presidente eleito também elogiou a atuação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes. "O presidente do TSE teve uma coragem estupenda, deve ser oorgulho de todo o país. E não me importa se Moraes é conservador, progressista, de direita ou de centro, o que importa é que ele foi de muita coragem, de muita dignidade nessas eleições", disse Lula.
Relação com o Congresso
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou que não intervirá nas eleições para a presidência da Câmara e do Senado em 2023. O petista afirmou que o presidente da República "não tem que se intrometer" na escolha de liderança das Casas Legislativas.
Ele citou seu encontro com o deputado Arthur Lira (PP-AL) na tarde de ontem, 4ª feira (9.nov). "Esse país vai voltar à estabilidade. [?] Por isso isso eu fui visitar o Lira ontem, muita gente acreditava que o Lula nunca ia conversar com Lira. Eu sei que ele é meu adversário, mas ele é o presidente da Câmara eleito", disse Lula. "Não é o presidente da República que tem que se intrometer em quem vai escolher o presidente da Câmara e presidente do Senado", ressaltou.
Com o retorno de Lula ao Palácio do Planalto, o partido age com cautela para não repetir o que aconteceu com Dilma Rousseff em 2015. Ao interferir nas eleições do Congresso, à época, a então presidente da República acabou ganhando um inimigo no Legislativo.
Em 2014, o PT lançou o nome de Arlindo Chinaglia para disputar a presidência da Câmara. O então deputado, no entanto, perdeu para Eduardo Cunha. Dois anos depois, em 2016, Cunha viria a se tornar um dos principais articuladores do processo de impeachment que tirou Dilma do poder.
Para Lula, manter boas relações com o Congresso é fundamental para a governabilidade. "Vamos conversar com o Congresso Nacional", disse Lula, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição. O presidente eleito se reuniu com senadores e deputados que compõem a base aliada do novo governo. "Estamos aqui para provar que estamos aqui para estabelecer um diálogo com os partidos políticos", afirmou.
Agora, quem preside a Câmara dos Deputados é Arthur Lira (PP-AL), aliado de Jair Bolsonaro (PL) e um dos líderes do Centrão. No entanto, o deputado foi o primeiro a parabenizar Lula após sua vitória nas urnas no dia 30 de outubro.
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