Entenda as denúncias contra Pedro Guimarães e relembre trajetória
Presidente da Caixa deixou o cargo nesta 4ª feira após denúncias de assédio sexual por funcionárias
SBT News
Após denúncias de assédio sexual, Pedro Guimarães deixou o cargo de presidente da Caixa Econômica Federal no início da noite desta 4ª feira (29.jun). A saída de Guimarães foi oficializada com uma carta de demissão entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento, que também foi publicado por Guimarães em suas redes sociais, é dirigido à população brasileira e, em especial, aos colaboradores e clientes do banco. Pedro Guimarães afirma que não teve tempo para se defender é que é alvo de uma "situação cruel, injusta, desigual e que será corrigida na hora certa com a força da verdade".
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Denúncias
A queda do presidente da Caixa ocorre após um grupo funcionárias do banco relatarem comportamento inapropriado de Guimarães, entres eles, toques íntimos e convites a locais fora do ambiente profissional, como saunas. As denúncias foram publicadas em reportagem nesta 3ª feira (28.jun) pelo site Metrópoles.
Antes da oficialização de sua saída, Pedro Guimarães cancelou uma coletiva de imprensa em Brasília em que falaria sobre o Ano Safra 2022/23. O Ministério Público Federal (MPF) investiga as denúncias.
Trajetória
Pedro Guimarães tem 51 anos, é economista, natural do Rio de Janeriro e tem PhD pela Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Ele já trabalhou no mercado financeiro e ocupou cargos elevados em bancos importantes e em fundos de investimentos.
Foi indicado para o governo Bolsonaro pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Assumiu a presidência da Caixa em janeiro de 2019, logo após a posse do presidente Jair Bolsonaro (PL). De lá para cá, os dois são vistos juntos com frequência, como nas lives semanais do presidente.
Antes de aceitar o cargo, Guimarães era um dos sócios do banco de investimentos Brasil Plural. Também trabalhou com Paulo Guedes no banco BTG Pactual, no período em que o ministro da Economia era sócio da instituição.
Na gestão à frente da Caixa, a atuação do presidente ganhou destaque durante a pandemia da covid-19. O banco teve papel relevante no pagamento de benefícios assistenciais do governo, como o Auxílio Emergencial, e, mais recentemente, no pagamento do Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família.
Flexões
Mas a gestão de Guimarães também deixa marcas polêmicas. Em dezembro de 2021, em um vídeo que viralizou nas redes sociais, durante um evento de fim de ano, o então presidente colocou diretores e vice-presidentes da estatal para pagarem flexões. A medida tinha como pretexto motivar os funcionários, mas foi considerada abusiva por eles.
A cena gerou revolta por parte do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Municípios do Rio de Janeiro. Na época, em nota, a categoria classificou a situação como ''um verdadeiro cúmulo do absurdo''.
"Frescurada home office"
Durante uma reunião ministerial no Palácio do Planalto em 22 de abril de 2020, quando o vídeo da reunião tornou públicos os diálogos entre o presidente Bolsonaro e seus ministros, com criticas à atuação do Supremo Tribunal Federal e outros poderes envolvidos na condução da pandemia, Pedro Guimarães reclamou do trabalho remoto de servidores. "Não tem esse negócio, essa frescurada de home office".
Chegou a citar pagamentos dos funcionários do banco, mas sem dar outros detalhes. "Sabe quantas pessoas a Caixa está pagando hoje? Sete milhões de pessoas e todo mundo em home office. Que porcaria é essa?", questionou.
Além da proximidade com o presidente Bolsonaro em lives semanais, Pedro também era figura frequente nos eventos oficiais da Presidência da República fora de Brasília. Acompanhou Bolsonaro em agendas oficiais pelo país. Na última 3ª feira (28.jun), por exemplo, esteve na comitiva que foi a Maceió (AL).