Julio Cesar conquista ouro no atletismo e bate recorde mundial na Paralimpíada de Paris
Pódio dos 5.000m na classe T11 (deficiências visuais) ainda teve dobradinha brasileira, com Yeltsin Jacques levando o bronze
Emanuelle Menezes
Julio César Agripino conquistou nesta sexta-feira (30) a primeira medalha de ouro do atletismo do Brasil na Paralimpíada de Paris. O atleta completou a prova dos 5.000m na classe T11 (deficiências visuais) com o tempo de 14min48s85, novo recorde mundial e paralímpico.
"Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer, sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô", disse Julio para o Comitê Paralímpico Brasileiro.
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Julio foi diagnosticado com ceratocone, doença degenerativa na córnea, aos sete anos. Ele era atleta convencional do atletismo e migrou para o paradesporto por meio dos treinadores do Centro Olímpico.
O antigo recorde mundial (14min53s97) era de Yeltsin Jacques, brasileiro campeão em Tóquio 2020 e que dessa vez ficou com o bronze ao bater a marca de 14min52s61. O atleta voltava de uma lesão e pegou uma virose, o que acabou atrapalhando o desempenho, mas comemorou a dobradinha brasileira no pódio. A prata ficou com o japonês Kenya Karasawa.
"Muito feliz pelo Julio. Eu tive uma lesão, peguei uma virose, o que acabou atrapalhando um pouco a preparação. Mas como minha esposa disse, você ou chupa o limão azedo, ou faz a limonada. Estou com sentimento de missão cumprida", disse Yeltsin.
Yeltsin nasceu com baixa visão. Ele conheceu o atletismo ajudando um amigo, totalmente cego, a correr. Então, começou a treinar junto com ele para competir e iniciou sua carreira nos Jogos Paralímpicos Escolares em 2007.
Julio e Yeltsin voltam às pistas de Paris no dia 2 de setembro, na semifinal dos 1.500m. A final será em 3 de setembro.