Despedida de Pelé do Santos completa 50 anos
Rei do futebol deixou uma marca profunda no futebol e nos corações dos torcedores
Há exatos 50 anos, no dia 2 de outubro de 1974, Pelé se despedia do Santos em um momento emocionante que ficou para a história. Naquela quarta-feira, o Rei do Futebol se ajoelhou no centro do gramado da Vila Belmiro, braços abertos e lágrimas nos olhos, encerrando quase 20 anos de dedicação ao clube. Foi uma cena que tocou não apenas os 20 mil espectadores presentes no estádio, mas também todos os amantes do futebol ao redor do mundo.
Naquela noite, o Santos venceu a Ponte Preta por 2 a 0. Um dos gols foi contra, marcado pelo jogador Jorge, e o outro foi de Cláudio Adão. O ex-jogador Edu estava em campo e relembra a emoção do adeus. "Eu lembro muito bem daquele gesto maravilhoso que ele fez, se ajoelhou e virou para todos os cantos e agradeceu todo o público que o apoiou durante a sua carreira", recorda Edu.
O narrador Walter Dias também estava lá e descreve como foi aquele jogo. "O Santos ganhou da Ponte Preta por 2 a 0. Foi um gol contra do Jorge e o primeiro quem fez foi o Cláudio Adão. E a torcida, como sempre, ovacionou o nosso Rei Pelé".
O técnico do Santos na época era Elba de Paula Lima, conhecido como Tim, o mesmo que tentou levar o jovem Pelé para o Bangu, no Rio de Janeiro, quando ele tinha apenas 14 anos. Mas dona Celeste, mãe de Pelé, não permitiu. Hoje, muitos meninos da mesma idade têm o Rei como uma inspiração, mesmo sem tê-lo visto jogar. "Fez mais de mil gols, que poucas pessoas fizeram, ganhou a Copa do Mundo e vários Paulistões, nem tem como contar", comenta Júlio César, um jovem estudante.
Já Paulo César, de 40 anos, lembra-se de ter visto Pelé pela televisão. "Eu vi o Pelé, sim. Acho que em 1990, quando ele tinha 50 anos. Assisti pela televisão, então posso dizer que vi um pouquinho do Pelé jogar".
No dia da despedida, depois de se ajoelhar no círculo central, Pelé se levantou e foi cercado por repórteres e fotógrafos de todo o mundo. Ele fez a volta olímpica e seguiu para o vestiário, onde pegou um objeto desconhecido, trancou e levou a chave. Até hoje, não se sabe o que estava guardado no armário do Rei. "Essa é a pergunta que todos fazem e eu também quero saber, porque eu não imagino o que deva ter aí dentro", diz Edu, intrigado.
Desde sua primeira partida com a camisa do Santos, em 7 de setembro de 1956, até o adeus contra a Ponte Preta, Pelé fez 1.116 apresentações e marcou 1.091 gols pelo clube. Sua presença deu um novo peso à camisa alvinegra, e Edu sentiu essa responsabilidade ao herdar o posto. "O pior de tudo é que depois disso ele jogou uma carga em cima de mim que foi incrível", revela Edu.
Mesmo com a partida de Pelé, o Santos ainda manteve seu brilho. "Foi triste para a gente e ao mesmo tempo para o torcedor, porque continuaram gritando 'Pelé, Pelé', tentando fazer com que ele voltasse, mas ele já tinha tomado uma decisão", conclui Edu.
Pelé voltou aos gramados em 1975, mas dessa vez nos Estados Unidos, jogando pelo New York Cosmos. Contudo, essa é uma história para outra reportagem. Hoje, relembramos a narração emocionante de Walter Dias, que se despede do Rei com gratidão: "Hoje eu não narraria novamente, gosto de ficar com aquilo que eu fiz naquela oportunidade. Hoje eu só diria uma coisa: obrigado, Pelé, por tudo o que você fez pelo nosso futebol e pelo nosso Brasil".