Eleições

Organização dos EUA diz que eleição na Venezuela não pode ser considerada democrática

Segundo o Carter Center, houve "falta de transparência do CNE no anúncio dos resultados"; entenda

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Presidente reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro
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A organização dos Estados Unidos Carter Center, centro internacional autorizado a observar as eleições venezuelanas, declarou que o pleito presidencial na Venezuela não "atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral" e, por isso, não pode ser considerado democrático.

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"O Carter Center não pode verificar ou corroborar os resultados da eleição declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e a falha da autoridade eleitoral em anunciar resultados desagregados por seção eleitoral constitui uma grave violação dos princípios eleitorais. O processo eleitoral da Venezuela não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhuma de suas etapas e violou inúmeras disposições de suas próprias leis nacionais", afirma o observatório internacional.

De acordo com o Carter Center, a eleição foi feita em um ambiente de liberdades restritas para atores políticos, organizações da sociedade civil e a mídia. E, ao longo do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral "demonstrou um claro viés em favor do titular".

Com 51% dos votos, Nicolás Maduro foi reeleito, derrotando o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que alcançou 44% dos votos. Ele foi proclamado presidente nessa terça-feira (29) pelo CNE.

Maduro foi reeleito sem que o Conselho Nacional Eleitoral apresentasse os dados finais e resultados das eleições presidenciais ao nível de seção eleitoral.

"Cidadãos venezuelanos compareceram pacificamente e em grande número para expressar sua vontade no dia da eleição. Apesar dos relatos de restrições de acesso a muitos centros de votação para observadores domésticos e testemunhas do partido da oposição... a votação pareceu ocorrer de forma geralmente civilizada", descreveu o centro.

Campanhas e dia de votação

Maduro teve um campanha com bom financimento e bem divulgada por meio de comícios, cartazes, murais e campanhas de rua. A campanha do presidente reeleito também incluiu abuso de recursos administrativos, como funcionários do governo obrigados a fazer parte dos comícios, e grande cobertura nas emissoras de rádio e TV.

Já a campanha de Edmundo González Urrutia recebeu pouca cobertura da mídia, além de ter sido restringido pelas autoridades de fazer algumas atividades — incluindo assédio ou intimidação de pessoas que forneceram serviços ou bens para a campanha.

"As equipes de observadores do Carter Center notaram o desejo do povo venezuelano de participar de um processo eleitoral democrático, conforme demonstrado por meio de sua participação ativa como equipe de votação, testemunhas partidárias e observadores cidadãos. No entanto, seus esforços foram prejudicados pela completa falta de transparência do CNE no anúncio dos resultados", destaca o observatório.

Registro de eleitores

Para o Carter Center, o registro de eleitores foi impactado por prazos curtos, relativamente poucos locais de registro e informações públicas mínimas. "Cidadãos no exterior enfrentaram requisitos legais excessivos para se registrar, alguns dos quais pareciam ser arbitrários. Isso efetivamente privou a maioria da população migrante de seus direitos, resultando em números muito baixos de eleitores no exterio", detalha.

Registro de partidos e candidatos

O Carter Center disse ainda que o registro de partidos e candidatos não atendia aos padrões internacionais.

No decorrer da pré-camapanha, vários partidos da oposição tiveram seus registros alterados para líderes que favorecem o governo. Segundo o observatório, isso influenciou a nomeação de alguns candidatos da oposição.

O Carter Center ainda ressalta que o registro da candidatura das principais forças da oposição estava "sujeito a decisões arbitrárias do CNE", sem respeitar os princípios legais básicos.

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