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Candidatos à Prefeitura de São Paulo fazem debate marcado por troca de farpas e ataques

Segundo encontro entre postulantes aconteceu nesta quarta-feira (14) na FAAP com blocos temáticos e escolha livre entre os políticos

Candidatos à Prefeitura de São Paulo fazem debate marcado por troca de farpas e ataques
Candidatos à Prefeitura de São Paulo se enfrentam em debate | Reprodução
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Os candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram nesta quarta-feira (14) de um debate promovido pelo Jornal o Estado de São Paulo, em parceria com o Portal Terra e a Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol), José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e Marina Helena (Novo) discutiram propostas para a capital paulista, em meio a ataques e discussões.

Mediado pela jornalista Roseann Kennedy, o debate de 1h40 teve quatro blocos divididos nos seguintes temas: educação, oportunidade e desafios econômicos, planejamento urbano e segurança. O último e quinto bloco teve tema livre. Ao final de cada parte do debate, dois candidatos foram selecionados para responder perguntas de estudantes da Faap.

Ataques, saúde e Cracolândia: veja os destaques do primeiro debate eleitoral da prefeitura de SP

Os destaques do debate

Primeiro bloco — Educação

O bloco começou com Ricardo Nunes e Maria Helena. Ambos demonstraram opiniões diferentes ao serem questionados sobre a proibição de celulares em escolas municipais do Rio de Janeiro e se aplicariam esse método em São Paulo. Enquanto o prefeito e candidato de MDB defendeu o uso de tecnologia nas salas de aula, Maria Helena defendeu a proibição.

A candidata do Novo, que não participou do primeiro debate realizado pela emissora Band, também defendeu a ampliação das creches conveniadas, que permitiu o fim das filas na capital paulista, e a extensão do programa para o ensino fundamental.

Já José Luiz Datena e Guilherme Boulos criticaram o fato de São Paulo, cidade mais rica do país, estar em 21° no ranking de alfabetização.

O psolista propôs um programa de educação integral que visa dar reforço escolar adequado às crianças que tiveram o ensino afetado pela pandemia de Covid-19 e o mutirão “Paulo Freire” para alfabetizar jovens e adultos fora da escola, além da valorização dos professores e a implementação de educação inclusiva na capital.

O candidato do PSDB culpou a gestão Nunes por gastar mais e obter resultados piores do que os obtidos no Ceará, estado tido como referência em educação. Datena prometeu entregar aos pais paulistanos todas as crianças de 8 anos sabendo ler e escrever. Segundo Datena, esse é o foco principal da candidatura, que quer implementar mais escolas de período integral e aumentar a segurança no entorno das instituições.

A última dupla do bloco foi Tabata Amaral e Pablo Marçal, que foram questionados sobre a desigualdade racial na educação. A deputada federal e candidata pelo PSB defendeu o compromisso no combate ao racismo, citando a participação de pessoas negras na construção do programa de governo e prometeu ir "além do discurso" e avançar na educação antirracista no ensino fundamental e o programa "Capacita Aí", voltado para o empreendedorismo e formação profissionalizante para a população negra.

O candidato do PRTB se limitou a questionar o porquê de Tabata não ter uma candidata a vice negra e elogiou sua decisão de chamar Antônia de Jesus (PRTB), que é negra, para ser sua vice.

Segundo bloco — Oportunidade e desafios econômicos

Na segunda parte do debate, em que o tema central foi economia, Maria Helena e Tabata Amaral foram questionadas sobre o que fariam para trazer investimentos e tecnologias para São Paulo.

Em sua fala, Tabata apresentou o “Programa Jovem Tech”, que visa a formação de jovens na área de tecnologia em uma ação conjunta da prefeitura com o setor privado. Ela também afirmou que irá criar dois parques tecnológicos, na Zona Oeste e na Zona Leste, com apoio da Universidade São Paulo (USP) e do governo estadual.

Por sua vez, a candidata do Novo disse que seguiria os passos do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e iria realizar um programa de capacitação profissional aliado ao setor privado.

Na sequência, Ricardo Nunes e José Luiz Datena foram abordados sobre a questão da baixa oferta de empregos na periferia. O candidato do PSDB disse que, caso seja prefeito, irá criar territórios com isenção fiscal para atrair empresas, que serão obrigadas a ter 20% dos funcionários trabalhadores locais.

Já o atual prefeito de São Paulo não apresentou as propostas para o futuro da cidade, mas reforçou projetos já em andamento no mandato atual, como o incentivo na Zona Leste para atividades de telemarketing com redução de impostos.

No momento mais acalorado do debate, Guilherme Boulos e Pablo Marçal iniciaram suas falas respondendo como fariam para tornar São Paulo uma cidade global. O candidato do PSol disse que, caso vença a eleição, irá buscar tecnologias melhores de reciclagem para a cidade, além de eletrificar toda a frota de ônibus da capital. Em sua resposta, Marçal disse que irá implementar mais semáforos inteligentes, visando a melhoria da mobilidade urbana. O candidato do PRTB também voltou a mencionar a criação dos “elevadores na horizontal”, os teleféricos.

Mudando o foco do debate, Guilherme Boulos disse que Pablo Marçal não é uma pessoa “de palavra” e que deveria abandonar a candidatura — fazendo menção à uma discussão no debate anterior na Rede Bandeirantes. Em resposta, Marçal atacou personagens políticos aliados a Boulos, como Lula e Dilma Rousseff, dizendo que são “uma grande m**** na nossa nação”.

A partir desses ataques, Guilherme Boulos e Pablo Marçal continuaram a troca provocações e, em determinado momento, o candidato do PRTB mostrou uma “carteira de trabalho” ao deputado federal, chamando-o de “grande vaga****”. Boulos retrucou afirmando que era professor e “não ganhava dinheiro enganando os outros na internet”. Marçal voltou a ofender o candidato do Psol:

“Isso aí é um candidato trans. [...] Vou mostrar que você é o maior aspirador de pó da cidade de São Paulo”, disse Marçal.

Ao final do tempo dos candidatos, Pablo Marçal mostrou novamente a carteira de trabalho para Guilherme Boulos, que deu um “tapa” no documento. A discussão continuou fora dos microfones e só foi interrompida quando o candidato do PSol voltou ao púlpito para responder o vídeo de um estudante.

Terceiro bloco — Planejamento Urbano

Tarifa zero, projetos de mitigação das mudanças climáticas, mais infraestrutura foram alguns dos tópicos abordados pelos candidatos durante o terceiro bloco do debate, que tratou de planejamento urbano.

No debate entre Pablo Marçal e José Luiz Datena o tópico foi a expansão da Tarifa Zero nos ônibus municipais. Marçal defendeu a tarifa congelada em R$ 4,40 e propôs melhorias na infraestrutura, como criar vias expressas e descentralizar o empreendedorismo, o que, segundo ele, diminuiria o tráfego de veículos.

Já Datena criticou a Tarifa Zero como uma solução cara e ineficaz, acusando os processos de licitação de serem “moralmente corruptos” e sugeriu que a tarifa deveria refletir um valor justo, dado que as empresas de ônibus já se beneficiam de subsídios da prefeitura.

No mesmo tema, a discussão entre Boulos e Marina Helena girou em torno das mudanças climáticas e a adaptação da cidade para evitar apagões e tragédias.

Boulos destacou a necessidade de políticas climáticas eficazes, como a implementação de "cidades esponjas" e asfaltos permeáveis, e criticou o Plano Diretor da cidade por não atender às demandas urbanas de forma planejada. Marina Helena propôs copiar o planejamento adotado pela cidade de Joinville (SC), com diálogo entre as secretarias e colocar a Defesa Civil na Secretaria de governo. A candidata do Novo também defendeu retirar as pessoas de áreas de risco com regularização fundiária, além de melhorar o aluguel social.

No debate entre o atual prefeito e Tabata Amaral houve troca de farpas. A candidata do PSB atacou Nunes por sua gestão, mencionando que ele falhou em cumprir as metas de seu antecessor Bruno Covas e criticou a falta de infraestrutura para eletrificação da frota de transporte público. Ela também acusou Nunes de ser responsável pela gestão com o maior número de obras sem licitação e superfaturadas.

Nunes, por outro lado, defendeu a gestão e deu exemplos de obras entregues na periferia, como o que alcançou na cidade, dando como exemplo o Clube da Comunidade (CDC) da Vila Missionária, a UBS do Parque Lucas e a UPA Parque Doroteia, na zona sul, e o que ele afirma ser o maior programa de recapeamento da história da cidade. Ele também afirmou que São Paulo terá um investimento recorde de R$ 18 bilhões.

Quarto bloco — Segurança Pública

O quarto e último bloco temático do debate foi aberto pelos candidatos Guilherme Boulos e Tabata Amaral, respondendo sobre como evitar que criminosos recebam contratos da prefeitura. Os dois candidatos apresentaram visões semelhantes sobre o tema, com Boulos afirmando que vai “passar a limpo” todos os contratos públicos de São Paulo.

Nas perguntas livres entre os debatedores, Tabata afirmou que irá contratar mais guardas civis metropolitanos, além de articular um trabalho conjunto com o governo estadual, com reuniões mensais entre ela e os líderes da GCM, Polícia Civil e Polícia Militar. Respondendo à candidata do PSB, que perguntou sobre segurança das mulheres na capital, Boulos afirmou que irá reforçar a Patrulha Guardiã Maria da Penha, expandindo o programa e realizando a integração com casas de acolhimento para vítimas.

Ricardo Nunes e Pablo Marçal, questionados sobre como combater a corrupção dentro da Guarda Civil Metropolitana, também tiveram opiniões semelhantes: ambos afirmaram que iriam trazer mais efetivo para a GCM, com Marçal afirmando que São Paulo terá 21 mil guardas em seu mandato. O atual prefeito rebateu a proposta do candidato, afirmando que o número é inviável financeiramente, sem que sejam reduzidos orçamentos da Educação e Saúde, por exemplo.

Na sequência, Marina Helena, abordada sobre o problema da Cracolândia, afirmou que irá adotar uma política de “tolerância zero” contra o crime organizado, além de propor a internação compulsória para dependentes químicos, junto de uma ação de assistência social. Datena, respondendo à mesma pergunta, disse que, para resolver o problema, é necessário prender os traficantes que vendem o crack para a população.

Ao final do bloco, a candidata do Novo ressaltou que irá “dobrar” o efetivo da GCM, além de treinar, capacitar e armar os guardas civis metropolitanos.

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