Ataques, saúde e Cracolândia: veja os destaques do primeiro debate eleitoral da prefeitura de SP
Tom de ataques entre os candidatos, especialmente contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), predominou no debate
Os principais candidatos à prefeitura de São Paulo participaram do primeiro debate eleitoral nesta quinta-feira (8), na TV Band. Os temas discutidos de mais destaque foram saúde, Cracolândia e obras na cidade de São Paulo, mas predominou o tom de ataques entre os candidatos, especialmente contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), que lideram as pesquisas de intenção de voto.
Além dos dois, participam do debate José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB). O debate foi mediado pelo jornalista Eduardo Oinegue. +Eleições Municipais em São Paulo: Nunes e Boulos lideram e Datena e Marçal empatam em 3°, diz Datafolha
Os destaques do debate
Primeiro bloco
O candidato do MDB foi questionado sobre um suposto esquema fraudulento na gestão. Os candidatos Guilherme Boulos e Datena mencionaram sobre investigações a respeito de verbas municipais desviadas de unidades de ensino infantil de São Paulo quando ainda era vereador da cidade. O envolvimento do PCC em empresas de ônibus na capital e obras sem licitação também foram questionadoa. Nunes nega as acusações.
Boulos também foi vítima de ataques dos adversários. Datena e Ricardo Nunes associaram o candidato do PSOL ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, e questionaram o compromisso dele com a democracia. Boulos também foi atacado por seu parecer a favor do arquivamento de denúncia contra o deputado André Janones (Avante-MG), por suposto crime de rachadinha, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Marçal adotou o mesmo tom inflamado de seus vídeos online para atacar os adversários. Ao dizer que Boulos come açúcar e não cuida da própria saúde, Marçal gerou um pedido de resposta da campanha do candidato do Psol. Ao responder às acusações, Boulos disse que sua campanha liberaria nas redes sociais a sentença que condenou Marçal por furto qualificado, o que foi feito minutos depois.
Segundo bloco
Com menos ataques pessoais e mais discussão sobre propostas, o segundo bloco foi marcado por questionamentos de jornalistas. Entre os temas abordados estão segurança pública, letalidade no trânsito e saúde.
O atual prefeito, Ricardo Nunes, defendeu o fortalecimento e o aumento do armamento da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Ele afirmou que seu principal adversário, Guilherme Boulos, apoia a desmilitarização da guarda.
Sobre a letalidade no trânsito, houve consenso de que o número de mortes é elevado, principalmente entre motociclistas. A maioria dos participantes concordou que a faixa exclusiva para motos deve ser ampliada. O tema serviu para candidatos cobrarem Nunes por não ter cumprido a meta de corredores de ônibus.
Pablo Marçal defendeu a ideia de descentralizar o empreendedorismo. Segundo ele, essa medida irá favorecer a mobilidade na capital do estado. Ele voltou a propor teleféricos para compor o sistema de transporte público na cidade.
Terceiro bloco
O último bloco do debate teve perguntas feitas entre os candidatos. Entre os temas abordados estiveram educação, violência contra a mulher, meio ambiente e segurança pública. Os ataques mais uma vez se fizeram presentes.
A candidata Tabata Amaral questionou o boletim de ocorrência feito contra Ricardo Nunes pela esposa dele, Regina Carnovale Nunes, por violência doméstica. O atual prefeito de São Paulo negou a acusação e citou medidas tomadas em seu governo em defesa das mulheres.
Nunes, por sua vez, atacou Datena citando condenações sofridas pelo apresentador por imputar crimes injustamente contra outras pessoas.
Em sua defesa, Datena afirmou que não tem ligação com outros políticos, como Lula e Bolsonaro - acusando Boulos e Nunes de serem "fantoches" dos tradicionais políticos.
Boulos fez questão de reafirmar sua parceria com Lula, e afirmou que conta com o apoio do presidente para trazer recursos federais para a cidade.
O candidato do Psol também discursou contra a concessão de cemitérios, implementada no governo Nunes. O atual prefeito defendeu a medida, alegando economia aos cofres públicos.
Candidaturas reagem ao debate
O primeiro debate foi marcado por diversas concessões de direito de respostas a candidatos que foram atacados por seus opositores. O tom belicoso gerou manifestações de apoio e críticas dos dirigentes dos partidos que integram as candidaturas e acompanham o debate.
Os alvos principais dos ataques no palco foram os candidatos Ricardo Nunes, atual prefeito da cidade de São Paulo, e o candidato Guilherme Boulos. Nos bastidores, o mais criticado foi Pablo Marçal.
No caso do atual prefeito, o direito de resposta foi acionado quando foi Nunes questionado pelo deputado federal Guilherme Boulos sobre sua relação com as empresas de ônibus Transwolff e Up Bus, que estão sendo investigadas pelo Ministério Público de São Paulo por ligação com o PCC. A questão foi reforçada por Datena em sua fala.
Nesse momento, apoiadores de Nunes falaram que os "dois candidatos [Boulos e Datena] iriam tomar vinho juntos depois do debate".
Apoiadores de Nunes também chamaram o candidato Pablo Marçal de Padre Kelmon, em referência ao pitoresco candidato à Presidência da República em 2022.
Quando questionado pela candidata Tabata Amaral sobre a opinião a respeito da Operação Água Branca, projeto urbanístico da cidade de São Paulo, Pablo Marçal confundiu o tema com uma operação policial. Após Tabata explicar do que se tratava, ele chamou a candidata de "jornalistinha militante". Nesse momento, diversos integrantes das campanhas de Tabata e Boulos chamaram Marçal de "machista". Marçal também chamou a candidata de adolescente. Tabata tem 30 anos e Marçal, 37.
Após o fim do debate, os candidatos deram breves entrevistas para a imprensa, com destaque para uma troca de acusações entre as campanhas de Boulos e Marçal, além da declaração de Datena, que "espera melhorar seu desempenho" no próximo debate. É o primeiro confronto em que o apresentador participa, já que em outras ocasiões não chegou a oficializar sua candidatura.
Protestos contra ausência de Marina Helena
A candidata do Novo Marina Helena se reuniu com seus apoiadores em frente à Band para protestar contra sua ausência no debate.
Ela foi excluída do confronto, já que a escolha dos candidatos seguiu o critério estabelecido pela legislação eleitoral, que exige que o partido, coligação ou federação tenha pelo menos 5 congressistas no Congresso Nacional.
Marina tem 5% dos votos, segundo a última pesquisa Datafolha, e está tecnicamente empatada com Tabata Amaral.