Violência em atos cresce e Moraes chama comando das PMs para reunião
Com registro de agressões, incêndios e disparos em protestos, após derrota de Bolsonaro, PGR sugere reforços
Os protestos em rodovias e nos quartéis das Forças Armadas voltaram a ser registrados na última semana, contrariando ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) e com um agravante: a escalada de registros de violência e atos criminosos.
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Desde a 5ª feira (17.nov), em alguns estados, houve registros de tiros contra agentes públicos, a um guincho e uma ambulância, agressões, incêndios criminosos e uma tentativa de explosão de uma ponte. Em estados como Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná, Pará e Rondonia a situação é mais tensa.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), convidou os comandantes da Polícia Militar, nos estados, para uma reunião em Brasília, após a escalada da violência nos protestos. O encontro está marcado para a tarde desta 4ª feira (23.nov).
O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, em outra frente, reuniu-se com procuradores dos estados que registram atos de violência e com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, na 2ª feira (21.nov). Aras recomendou apoio da Força Nacional de Segurança para casos como o do Mato Grosso.
Mato Grosso é um dos principais focos de atenção das autoridades. No interior do estado, os manifestantes tentaram explodir uma ponte na noite de 6ª feira (18.nov). Na noite seguinte, um posto de atendimento da concessionária da rodovia foi incendiado, na BR-163, e houve disparos de armas de fogo. Três caminhões foram incendiados até a manhã desta 2ª feira (21.nov).
Uma operação da Polícia Militar na BR-163, em Lucas do Rio Verde (MT), na manhã desta 3ª feira (22.nov), liberou os trechos bloqueados da rodovia. O governador em exercício de Mato Grosso, Otaviano Pivetta, destacou que, desde o final de semana, foi observada uma "mudança no perfil do movimento, com ataques criminosos em trechos da BR-163".
Em Santa Catarina, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que os métodos usados pelos manifestantes no estado "lembraram os de terroristas". Os bloqueios no estado têm sido feitos com barricadas, de pneus, pedras, latões e árvores. Com os manifestantes foram apreendidos bombas caseiras, rojões, óleo (derramado na pista), "miguelitos" (pregos usados para furar pneus), etc.
Em nota, a PRF também destacou o novo perfil dos atos. Segundo a polícia, as novas manifestações "tiveram caráter diferente". "Na maior parte dos casos, tratava-se de ocorrências criminosas, promovidas no período noturno por baderneiros, homens encapuzados extremamente violentos e coordenados (agiam em diversas regiões do estado no mesmo horário)."
Apurações
Relatórios de inteligência e das áreas de segurança pública dos estados enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), desde o dia 31 de outubro - quando começaram as manifestações, após a derrota do presidente, Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022 -, identificam e registram as supostas lideranças dos atos, para responsabilização criminal e cível.
Conforme mostrou o SBT News, os documentos reservados enviados ao STF detalham os suspeitos de serem financiadores, organizadores e ativistas dos protestos, e bloqueios de rodovias e de vias próximas de quartéis do Exército.
Com o aumento da violência, as apurações da Polícia Federal (PF), do Ministério Público e das polícias locais têm avançado. Duas pessoas foram presas pela Polícia Militar de Mato Grosso nesta 2ª feira (21.nov), suspeitos de atearem fogo nos caminhões, em Sinop (MT). Com eles, foram apreendidos combustível, estopa e isqueiro para os incêndios, além de uma arma, facas, facões e estilingue. Eles foram encaminhados para a PF.
No domingo (20.nov), a PF deflagrou a Operação Unlock, para apurar quem são os cabeças dos protestos em Dourados (MS).
O MPF em Mato Grosso comunicou à PGR a necessidade de reforços e registrou a radicalização dos atos no estado.
Segundo os procuradores, as manifestações têm "a instalação de instrumentos explosivos (dinamites), derramamento de óleo e grãos, ateamento de fogo na cabeceira de pistas, derrubadas de árvores etc.". Os procuradores citam a tentativa de explosão de uma ponte, em Pontes e Lacerda (MT), entre outros atos.
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