Operação Eleições 2022: PF fecha o cerco contra compra de votos
No Acre, Amapá, Amazonas, Piauí e Roraima foram apreendidos dinheiro, cheques e até raspadinha de cestas básicas
SBT News
A Polícia Federal fechou o cerco contra a compra de votos. Nesta semana foram feitas apreensões de valores e materiais em cinco estados Acre, Amapá, Amazonas, Piauí e Roraima. Entre material apreendido havia pacotes de dinheiro, de cheques e até bilhetes tipo "raspadinha" para sorteio de cestas básicas, supostamente em troca de votos. Os flagrantes são parte da Operação Eleições 2022.
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Nesta 6ª feira (30.set), em Macapá, capital do Amapá, um homem e uma mulher foram presos por crime eleitoral, pela Polícia Militar e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco). Os dois transportavam dinheiro vivo - aproximadamente R$ 11 mil - e diversos santinhos de candidatos aos cargos de deputado federal e estadual. Segundo a PF, a mulher "é irmã de uma candidata a deputada estadual" - que não teve o nome divulgado.
Em Coari (AM), a PF apreendeu 87 cheques, todos com valor de R$ 120,00, que estavam com duas assessoras de um candidato ao governo do Amazonas. Elas estavam em dois aviões particulares - um jatinho e uma avião anfíbio - no aeroporto de Coari, nesta 5ª feira (29.set). Os policiais apreenderam os cheques e vários "contratos genéricos de prestação de serviço" para o dia 2 de outubro, domingo, data do primeiro turno das eleições. Foram apreendidos os valores e os documentos e um inquérito foi aberto. As duas assessoras foram levadas para prestar esclarecimento - nem seus nomes, nem do candidato, foram divulgados.
Também na 5ª, a PF apreendeu em Manaus R$ 34 mil em dinheiro vivo com o irmão de um candidato a deputado federal no Amazonas, quando saia de casa. Segundo nota da PF, a ação foi realizada após receber denúncia anônima "com informações de que o indivíduo em questão estaria fazendo liberações de valores exorbitantes em dinheiro a líderes de partidos políticos para possível compra de votos". A PF aprendeu o dinheiro, abriu inquérito policial. A origem do dinheiro não foi comprovada.
No mesmo dia 29, a PF deflagrou no Piauí a Operação Júpiter, para cumprir cinco mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da 3ª Zona Eleitoral de Parnaíba (PI). A ação concentrada em Teresina foi iniciada após apreensão de dinheiro em espécie e material de campanha de candidato, com um homem que viajava da capial para Parnaíba (PI), no interior. Os mandados foram cumpridos no comitê de campanha, residência e empresas do candidato. O alvo, que não teve o nome divulgado, pode ser enquadrado por corrupção eleitoral e falsidade ideológica eleitoral.
Em Roraima, a PF deflagrou operação em Boa Vista para desmontar um esquema de compra de votos. Nove mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, foram cumpridos na capital.
Em Tefé (AM), a PF apreendeu mais de R$ 78 mil em dinheiro vivo, na 4ª feira (28.set), no Porto de Tefé. Os R$ 78 mil em espécie estavam com seis pessoas, segundo a PF, todos funcionários a serviço da Prefeitura de Maraã (AM). Foi aberto inquéritos e as pessoas que carregavam os valores foram interrogadas.
Cestas básicas
Em Macapá o Gaeco, grupo do Ministério Público, e a PF desmontaram um suposto esquema de compra de votos com a distribuição de vales cestas básicas. Na 3ª feira (27.set) a gerente de um mercado da capital do Amapá, que também era fiscal de venda de cestas básicas no estabelecimento, foi detida por compra de votos. "O esquema ocorria com a distribuição de cestas em troca de promessas de voto em dois candidatos, um ao cargo de deputado federal e outro a estadual. As cestas básicas foram adquiridas pelos dois candidatos e estavam sendo distribuídas no mercado", informou nota da polícia.
As pessoas beneficiárias receberam antecipadamente os "cartões" do tipo "raspadinha", segundpo a PF, que davam direito a uma cesta básica. Na delegacia, "alguns eleitores informaram que receberam os 'cartões' em suas residências, e outros foram abordados na rua e lhes foram oferecidas o 'vale cesta'."
No dia seguinte (28.set), também no Amapá, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Santana (AP), por suposta compra de votos. O Ministério Público Eleitoral recebeu denúncia de que no local estavam sendo distribuídas, todas as manhãs, cestas básicas em troca de votos, para candidato ao governo do estado, além de candidatos a deputado federal e estadual.
Crime organizado
Em Cruzeiro do Sul, no Acre, a PF deflagrou a Operação Ilíada, nesta 5ª feira (29.set). Foram cumpridos cinco mandados de busca apreensão contra um pré-candidato e correligionários, suspeitos de envolvimento com membros de facção criminosa que atua no estado, para financiamento de campanhas eleitorais. Cerca de 30 policiais federais participaram da operação.
As investigações começou, após descoberta de "um estreito envolvimento entre candidatos do pleito eleitoral e lideranças da facção criminosa com o objetivo de eleger seus próprios representantes ou políticos simpatizantes". O esquema envolveria compra de votos, "Os indícios apontam que a ligação entre os criminosos e candidatos são antigos, não se descartando o envolvimento em outros crimes."
Os alvos responderão pelos crimes de corrupção eleitoral, com pena prevista de até quatro anos de reclusão, e falsidade ideológica, com até cinco anos de prisão, ambos do Código Eleitoral. Segundo a PF, o nome da operação faz referência ao poema épico da Grécia Antiga, atribuído a Homero, o qual narra os fatos relativos à Guerra de Troia, que acabou findando com o uso do Cavalo de Troia, de forma a se demonstrar que o uso das eleições pelas facções pode culminar minando o processo democrático.
Em Jordão, no Acre, a PF deflagou a Operação Arbítrio, no dia 27. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido com a finalidade de se obter outras provas materiais acerca da possível compra de votos na região.