Aras defende sistema eleitoral, mas evita críticas a Bolsonaro
Após silêncio, procurador-geral da República divulga vídeo antigo em apoio às urnas brasileiras
Bruna Yamaguti
O procurador-geral da República Augusto Aras publicou, nesta 5ª feira (21.jul), um vídeo com declarações de dez dias atrás, nas quais defende o sistema eleitoral brasileiro. Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL) e suas últimas declarações, ele ressalta o sucesso das urnas eletrônicas e afirma que não aceitará alegações de fraude no pleito a ser realizado em outubro.
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"Não aceitamos alegação de fraude porque nós temos visto o sucesso da urna eletrônica ao longo dos anos, especialmente no que toca à lisura dos pleitos", diz Aras.
A gravação é de uma entrevista que o procurador deu à mídia internacional no último dia 11. No mesmo vídeo, em texto, Aras defende a "necessidade de distanciamento, independência e harmonia entre os poderes".
Aras ainda não havia se manifestado sobre a reunião do presidente Jair Bolsonaro (PL) com embaixadores, na qual o mandatário fez críticas às urnas eletrônicas e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um posicionamento estava sendo cobrado do procurador da República, que quebrou o silêncio por meio do vídeo, antigo, publicado em seu canal no Youtube.
"As instituições existem para intermediar e conciliar os sagrados interesses do povo, reduzindo a complexidade das relações entre governantes e governados", diz.
Aras citou ainda o episódio de ataque ao Capitólio, no Estados Unidos, por apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump. "Nós não acreditamos no 6 de janeiro [no Brasil]. E eu tenho defendido que, quem ganhar a eleição vai levar, vai tomar posse", declarou o procurador.
Assista ao vídeo na íntegra:
Bolsonaro iniciou a apresentação mostrando um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2018. Segundo o presidente, o hacker teria ficado "oito meses dentro do sistema do TSE".
Também no encontro, o chefe do Executivo repetiu que existem vídeos que mostram eleitores em 2018 tentando digitar 17 nas urnas mas o equipamento autocompletando para 13 -- número do então candidato Fernando Haddad (PT). Logo após as eleições -- quatro anos atrás -- o TSE desmentiu os vídeos e ressaltou "que não existe a possibilidade de a urna autocompletar o voto do eleitor, e isso pode ser comprovado pela auditoria de votação paralela".