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Guilherme Boulos se projeta como um dos principais nomes da esquerda

Saiba mais sobre o líder político do PSOL que é candidato à Prefeitura de São Paulo

Guilherme Boulos se projeta como um dos principais nomes da esquerda
Reprodução
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Guilherme Boulos é considerado como um dos principais nomes na renovação da esquerda brasileira. Foto: Redes sociais 


Guilherme Boulos venceu. A frase está na boca e na cabeça de integrantes da campanha do candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo. E isso não tem nada a ver com o resultado do segundo turno. Eleito ou não, Boulos passa a ocupar o espaço de principal nome da esquerda no que se pode chamar de período 'pós-eleição' de Jair Bolsonaro. "Ele sabe disso, do valor que ele tem a partir de agora. Mas nosso primeiro foco continua sendo a votação deste domingo", disse um dos assessores.

As pesquisas do segundo turno, que mostram claramente o crescimento da campanha, legitimaram o discurso de Boulos que se apresentou como a "chance de mudança". "Segundo turno as coisas ficam muito claras. Quem quer a continuidade, quem acha que a cidade tá muito boa desse jeito, que a propaganda encantada do Bruno Covas na televisão expressa a realidade da cidade, tem o candidato da continuidade. Quem quer mudar, quem quer se abrir pro novo, quem acha que São Paulo ficou numa situação de abandono, quem acha que a Prefeitura não agiu bem, inclusive agora durante a pandemia, tem a oportunidade de mudança, que é comigo e com a Luiza Erundina", disse o candidato do PSOL, no último evento público antes de ser diagnosticado com a Covid-19.

Mas pra entender exatamente a mudança, é preciso voltar um pouco no tempo. Guilherme Boulos, tem trinta e oito anos. Em 2018, ele já ganhou destaque por ser o candidato mais novo a concorrer à Presidência da República. Teve 617 mil votos, com pouquíssimo tempo na propaganda no rádio e na tv. Boulos se formou em Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e se especializou em Psicanálise, na PUC/SP. Também fez mestrado em Psiquiatria, na Faculdade de Medicina da USP. É professor e escritor. Deu aula em escola pública. Mas, segundo o pai, o médico infectologista Marcos Boulos, "Guilherme não era um CDF".  "Era um moleque normal em termos de brincadeira, brincava muito, jogava muito, fazia muita coisa... Queria ir ao estádio... Inclusive os temas dele nas lições eram sobre futebol", disse o pai do candidato ao SBT News.

E o curioso é que foi na arquibancada que a família percebeu os caminhos que Boulos seguiria. "Até com a ida aos estádios de futebol em que ele via todo aquele pessoal diferente se congraçando, se abraçando. Ele se interessava mais pela torcida do que pelo jogo propriamente dito", disse o pai.  "Até o momento em que ele começa a ver o que estava acontecendo no mundo ao redor... Ele não conseguia compreender porque tinham pessoas que dormiam na rua, quando nós estávamos muito bem ou parte das pessoas estava muito bem. Não conseguia entender porque tinham pessoas nos faróis de carro, buscando dinheiro e comida", completou.

A mãe de Boulos, Maria Ivete Castro Boulos, que também é médica infectologista, recorda do passado com um largo sorriso no rosto. Especialmente, quando o filho passou a frequentar os acampamentos dos MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. "Ele ficava impressionado, as pessoas tinham lá um assentamento, que saíam lá 4 horas da manhã, 3 e meia da manhã, porque ainda tinham que caminhar um bom pedaço pra economizar o dinheiro do transporte, pra pegar ainda dois transportes pro trabalho. E que não tinham ainda uma casa pra morar, mesmo trabalhando dessa maneira, passando as horas do dia só dedicado ao seu trabalho, nem sempre conseguia colocar a comida na mesa."
 
Daí a fazer parte da coordenação do MTST foi um caminho natural. "Apesar de começo a gente achar que era apenas um discurso, que isso podia mudar com as amizades. Mas, de fato, quem mudou foram os amigos que estavam do lado dele, que começaram a trabalhar com ele neste setor também", recordou o pai de Boulos. Os muitos inimigos que o filho passou a ter por defender a causa da falta de moradia, preocuparam os pais. Mas o filho idealista dos médicos ganhou muitos 'pais' dentro do MTST. "Eu chegava e fazia fila de mulheres pra me abraçar, abraçar a mãe do Guilherme. E algumas cochichavam: Olha, pode deixar que a gente cuida bem dele. Às vezes ele chega aqui cansado, com fome... Sempre tem um feijãozinho gostoso pra ele aqui", contou a mãe.

Casa na Periferia - Boulos é casado com Natalia Szermeta, coordenadora do MTST. Há sete anos, ele vive em uma casa simples no bairro do Campo Limpo, na zona sul, com a mulher e as duas filhas: Sofia, de 10 anos, e Laura, de 9. As meninas bombaram nas redes sociais todas as vezes que apareceram ao lado do pai. O ponto alto foi Boulos e as meninas participaram de um jogo via internet com o youtuber Felipe Melo. "Vou apanhar em casa se a Laurinha e a Sofia não derem um oi pra você", disse Boulos, pouco antes do início do jogo. Mais de quinhentas mil pessoas acompanharam pelas redes e se divertiram com a naturalidade das crianças. Sofia ajudou o pai na rodada do 'Among Us', em que jogadores são astronautas que devem realizar diversas atividades em uma nave espacial. Mas entre os jogadores há um impostor, que deve sabotar as atividades e matar outros tripulantes.

Para encerrar, vale voltarmos à entrevista dos pais de Guilherme Boulos ao SBT News. Em especial, quando o pai do candidato falou sobre coragem: "Ele tem a coragem que nós não tivemos na vida. Eu, como médico, podia até querer tudo isso que ele quer fazer pelos outros, mas eu não tinha coragem. Tinha a sensibilidade, mas não a coragem. Ele tinha a sensibilidade... E além de sentir a dor do outro, como os médicos e outras pessoas sentem, também começou a sentir a dor do mundo dentro dele."
 
 
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