Debate do SBT pela Prefeitura de São Paulo é marcado por propostas e menos ataques
Encontro reuniu os candidatos Guilherme Boulos, José Luiz Datena, Marina Helena, Pablo Marçal, Ricardo Nunes e Tabata Amaral
SBT News
O debate do SBT reuniu, na manhã desta sexta-feira (20), os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais. O encontro foi marcado por uma mudança de tom com relação aos embates anteriores.
+ Veja a íntegra do debate do SBT
Se antes houve discussões entre os postulantes ao cargo e até agressões físicas, o que se viu nos estúdios do SBT foi um maior foco em propostas. De olho nas taxas de rejeição e na reta final para a decisão do segundo turno, os candidatos ajustaram suas estratégias para tentar convencer o eleitorado.
O único confronto mais intenso aconteceu no primeiro bloco. A candidata do PSB, Tabata Amaral disse que Pablo Marçal "é como o Jogo do Tigrinho, promessas fáceis que podem até atrair quem está desiludido, mas que lascam a maioria das pessoas."
Em direito de resposta concedido pela organização do encontro, Marçal respondeu: “em todos os debates eu nunca fui o palhaço, eu sempre respondi aos palhaços. E a Tabata, que parece a moça mais comportada de todas, acabou de ceder esse espaço”, respondeu o ex-coach.
Primeiro bloco
Além do embate entre Tabata e Marçal, o primeiro bloco teve perguntas dos candidatos aos adversários políticos.
Nunes x Boulos
Ricardo Nunes questionou Guilherme Boulos sobre as ações para a crise climática.
O candidato do Psol respondeu que o governo de Ricardo Nunes "parou no tempo", e prometeu eletrificar a frota de ônibus da capital paulista, reduzindo emissões de carbono, além de promover a reciclagem universalizada nos distritos de São Paulo e incentivar parceria com cooperativas de reciclagem.
Em contrapartida, o atual prefeito de São Paulo afirmou que expandiu a área de cobertura vegetal da cidade e que desapropriou espaços de mata privada para serem públicas. "São Paulo está avançando na crise climática", disse.
Datena x Tabata
Tabata Amaral e Datena comentaram sobre a demora para marcar exames e consultas nas UBSs da capital paulista. O apresentador elogiou a proposta da deputada federal para "Saúde nas Escolas", que propõe atendimento médico nas escolas.
"Eu acho ótima a sua ideia, como boa parte das suas ideias. Eu quero crer que duas horas a mais de UBS vai ajudar a população de São Paulo a procurar as unidades de Saúde. Tem gente que morre sem saber porque foi procurar a UBS, já que o exame não saiu. Doença não tem hora", disse Datena.
Marina Helena
Ao ser questionada sobre "ideias inovadoras" na mobilidade urbana na cidade de São Paulo por Marçal, a candidata do Novo disse que a primeira ideia inovadora é "não votar na esquerda".
"Nosso dinheiro não está indo para prender bandidos e traficantes e, sim, para financiar o judiciário mais caro do mundo", ressaltou.
Na segunda parte de sua resposta, durante sua tréplica, novamente ela voltou atacar programas como "Minha Casa, Minha Vida", mas não falou quais são suas propostas para melhorar a mobilidade urbana na capital paulista.
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Segundo bloco
O segundo bloco teve perguntas dos jornalistas aos candidatos. À repórter do SBT, Simone Queiroz, Guilherme Boulos (Psol) defendeu que a relação com a Guarda Civil Metropolitana “será muito tranquila e de muito respeito".
Crianças
Para o jornalista Fabio Diamante, também do SBT, Datena lembrou da necessidade de tirar crianças das ruas. Já o atual prefeito Ricardo Nunes refutou o dado de Diamante de que mais de 80 mil pessoas estariam em situação de rua na capital paulista. O dado está no Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Trânsito
Após uma pergunta da jornalista Luciana Pioto, do Terra, que seria sobre educação e segurança no trânsito, Boulos perguntou a Nunes sobre a defesa do Passaporte da Vacina. O atual prefeito disse que foi um erro requisitar o passaporte: "A gente precisa corrigir o que a gente erra, que foi a questão do passaporte [da vacina]. Eu não preciso obrigar as pessoas, para irem em uma igreja, a apresentar o passaporte".
Qualidade do ar
O jornalista Roberto Nonato, da Rádio NovaBrasil, direcionou a pergunta para Tabata Amaral, com comentários de Marçal, sobre o que fazer para amenizar o péssimo ar da cidade.
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Terceiro bloco
O terceiro bloco foi novamente de confronto direto dos candidatos.
Questão ambiental e PCC
Provocado por Datena sobre a investigação do Ministério Público contra duas empresas de ônibus com contratos com a prefeitura, Nunes disse que ele foi o responsável por "iniciar as investigações".
Saúde mental
Ao falarem sobre a questão da saúde mental da capital paulista, Boulos e Tabata debateram como seria a abordagem ao tema se forem eleitos.
"O Brasil hoje perde mais policiais para suicídio do que em confronto. Mulheres morrendo de depressão pós-parto. Temos que parar de achar que depressão é mimimi, não é", ressalta Tabata.
"É preciso separar traficante de usuário de droga. Traficante é caso de polícia, já usuário de droga precisa ser resgatado. Vamos ampliar os Caps na cidade de São Paulo, criando o Caps móvel e psicólogos em todas as escolas", disse Boulos.
Zeladoria
Já no tema zeladoria, o atual prefeito de São Paulo escolheu Guilherme Boulos para o embate e pediu a avaliação do psolista sobre o programa de asfaltamento da cidade e as propostas sobre o tema.
"A minha proposta para zeladoria é cuidar da cidade não só em tempo de eleição, que foi o que você fez. Tapar buraco é importante em toda a gestão, e não só em época de eleição", disse Boulos.
Além disso, Boulos criticou a privatização dos cemitérios da capital paulista. "Teve preço que aumentou 11 vezes. A pessoa pobre não consegue enterrar o ente querido no momento mais difícil da vida".
Ricardo Nunes se defendeu e disse que não é verdade os argumentos do deputado. "A concessão dos cemitérios foi há pouco tempo [...] garantindo a gratuidade para quem apresentar atestado de pobreza".
Educação
Marina e Datena protagonizaram o debate de propostas para a educação. Enquanto o apresentador defendeu mais "escolas em tempo integral e segurança ao redor das escolas com GCM", Marina disse que pretende trazer "escolas particulares para administrar as públicas" e "remunerar os professores de acordo com o aprendizado do seu filho, não adianta dar bônus para professor que falta".
Violência contra as mulheres
O último tema disponível foi segurança. Tabata Amaral perguntou para Marçal sobre o que ele vai fazer para reduzir o feminicídio e a violência sexual contra as mulheres.
O ex-coach responsabilizou o presidente Lula (PT) pela escalada da insegurança e pediu a ajuda do governador do estado Tarcísio de Freitas (Republicanos) para combater o problema social. Marçal disse ainda que, se eleito, vai promover um aplicativo em que homens agressores serão cadastrados em uma plataforma em que as mulheres e as autoridades públicas terão acesso, monitorando-os.
"Eu sou um símbolo de agressão de alguém que não sabe debater ideias. A culpa é minha? É da mulher que usa saia curta? A culpa é de quem? A culpa é sempre do agressor e nós vamos combater você", afirmou Pablo.
Em resposta, a deputada afirmou que "não tem palavras para quem faz piada com coisa séria". Ela também disse que vai promover apoio psicológico para as mulheres e "independência financeira para a mulher se libertar [da violência de gênero]".
Direito de resposta
Ainda no confronto entre Tabata e Marçal, o ex-coach disse que havia um candidato "Tchutchuca do PCC", sem mencionar nomes. O prefeito Ricardo Nunes, candidato do MDB, disse que se sentiu ofendido e conseguiu seu segundo de direito de resposta.
"Estava indo bem até agora, mas ele [Marçal] não consegue", disse Nunes.