Tarifaço: pior cenário poderia causar 320 mil demissões no Brasil, diz ministro do Trabalho
Luiz Marinho avalia que "para um mercado, um estoque de 48 milhões [de empregos], convenhamos que não seria o desastre total"

Felipe Moraes
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta quinta-feira (21) que pior cenário possível causado pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a exportações nacionais poderia provocar 320 mil demissões no Brasil. Número citado por ele consta em estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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"Para um mercado, um estoque de 48 milhões [de empregos], convenhamos que não seria o desastre total. Evidentemente, alguns setores são fortemente atingidos, outros são levemente, outros não são atingidos, porque produz (sic) especialmente para outros mercados, para o mercado brasileiro", falou Marinho, em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O ministro também disse que postos fechados podem, depois, ser absorvidos em um contexto de mercado de trabalho aquecido. "Isso seria reaproveitado nas vagas existentes hoje. Nós temos vagas abertas não preenchidas por ausência de capacitação de mão de obra", comentou.
"Esse é um desafio importante que nós estamos discutindo com o empresariado brasileiro, com o sistema S, com os institutos de formação, os institutos federais, com a rede das universidades para responder uma necessidade crescente de mão de obra preparada. Então, eu não vejo assim, com esse temor todo, o impacto que venha ocorrer", acrescentou Marinho.
O ministro ainda lembrou que dependência da economia brasileira em relação aos EUA "já foi maior no passado do que é hoje". "Já foi 25% no período recente, hoje é 12%, e seguramente quando saímos disso vão ser menos que 12%. E vamos ampliar outros mercados", completou, citando abertura de 400 novos mercados para produtos brasileiros no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Segundo Marinho, o Plano Brasil Soberano, medida provisória (MP) do governo que prevê R$ 30 bilhões para ajudar setores e empresas impactados por tarifaço, e o cenário atual de baixo desemprego – 5,8% no trimestre de abril e junho, menor índice da série histórica, iniciada em 2012 – podem fazer o país "dar conta do recado" em reação às sobretaxas norte-americanas.
"A partir da medida provisória, desejamos que os municípios, estados e a própria União possam assimilar e comprar esses alimentos, seja para os hospitais, para a merenda escolar, para os presídios, a quantidade de possibilidades que você tem para substituir. Evidente [que] não é o mesmo preço do mercado internacional, especialmente americano. É preciso que as empresas olhem também para essa margem, para poder adequar a condição de resolver essa equação", explicou.
Marinho também disse que o governo aposta "na capacidade de consumo" da classe trabalhadora e na "sustentabilidade da economia crescente" do país. "Dessa forma, nós vamos nos tornando mais competitivos no mercado internacional. Então, isso é que nós precisamos olhar", opinou.